Numa altura em que se assinala o arranque da campanha eleitoral para as Europeias deste ano, os cartazes e os “pins” arriscam-se a estar fora de moda como meio de propaganda política em Portugal. Depois do exemplo bem-sucedido de Barack Obama, as atenções viram-se para os blogues e as redes sociais, ferramentas online nas quais os partidos prometem apostar na tripla corrida eleitoral (europeias, legislativas e autárquicas) de 2009.

Twitter, Hi5, Facebook e fóruns de discussão são algumas dos serviços da web 2.0 através das quais os partidos tentar chegar actualmente aos eleitores, com o objectivo de fidelizar o eleitorado, potenciar novos apoiantes e garantir outros apoios..O Partido Socialista (PS) e o Partido Social-Democrata (PSD) já assinalaram a intenção de assentar muitos pontos das respectivas campanhas nos novos media, com enfoque na interacção junto dos utilizadores através de redes sociais.

Apesar de céptico quanto à importação fiel do “modelo Obama” para Portugal. Rui Novais, especialista em comunicação e docente da Universidade do Porto, não se surpreende com a aposta nas “campanhas online” na “web social”, realçando que se trata de “um pré-requisito da era moderna para qualquer partido político”. “Estamos numa fase em que nenhum candidato ou partido que não tenha pelo menos uma presença online não é digno desse nome. É tão básico como ter electricidade em casa”, ironiza.

“Perante esta realidade, facilmente se percebe que a Internet será, cada vez mais, um meio privilegiado para a passagem da informação e da mensagem política bem como para o contacto cada vez maior e mais directo com os eleitores”, acrescenta o investigador.

A verdade é que não é tão recente quanto isso a presença da política no mundo virtual. Iniciado pelos partidos mais pequenos, pioneiros na utilização da internet enquanto meio da promoção das respectivas ideologias, o movimento “já vem das legislativas intercalares de 2005. Na altura, “o PSD foi o partido que mais usou a Internet nessa campanha”, nota António José Fernandes.

Ainda assim, “é óbvio que a web 2.0 está agora apta a fazer esta partilha de comunicação em Portugal, com o utilizador a não ser só um receptor mas a poder ser também um emissor”, conclui o professor universitário

Na web à procura de votos reais

Sobre as vantagens associadas à presença na internet, Rui Novais acredita que as plataformas online “podem ser poderosas ferramentas de angariação de fundos e de mobilização de voluntários em determinados contextos”. Por outro lado, permitem atingir não só os utilizadores da web, como também “a circunvalação dos media tradicionais enquanto mediadores junto da opinião pública”.

Já para António José Fernandes, a estratégia não passa por garantir, de início, a adesão do principal público-alvo da Internet (uma faixa etária mais jovem), “mas sim mobilizar as pessoas já predispostas a votar naquele partido para elas próprias se sentirem integradas na campanha”, afirma o professor universitário.

A desenvolver uma tese de doutoramento na área “Informação e Comunicação em plataformas digitais”, o investigador considera que a “motivação inicial” do eleitorado é a primeira meta dos partidos que vão a votos nos três actos eleitorais de 2009.

“O objectivo maior , nesta primeira fase, será motivar os eleitores que já estão conquistados para, esses sim, tentarem ir buscar gente. Mais até do que os próprios partidos”, diz.