“O que importa hoje em dia são os factores intangíveis, não o material. Toda a gente sabe isso, mas continuamos a agir de acordo com modelos desactualizados”. Foi assim que David J. Teece, autor do “artigo económico mais citado entre 1995 e 2005” (segundo a “Science Watch”), resumiu, esta segunda-feira, no Porto, a situação empresarial actual.

Numa palestra com cerca de uma hora na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), Teece defendeu que “os factores mais preciosos” no cenário actual são coisas “intangíveis” como “as propriedades intelectuais” e “as reputações”.

O professor da Haas School Of Business da Universidade da California notou também a importância da “interacção com o ecossistema económico”. “As indústrias são artefactos e estatísticas governamentais” explicou o perito, que considera que “hoje em dia, um bom empresário tem que olhar para toda uma rede”, a qual inclui “as universidades, o governo e os media”.

Realçando que “a inovação não é o suficiente”, Teece frisou ainda a importância de “orquestrar recursos intangíveis”, resumindo a sua posição com o lema “sense, seize, transform”.

O docente deu como exemplo ipods, referindo que “as pessoas falam sempre tanto do design, mas outro factor importante para o seu sucesso foi como a Apple conseguiu conjugar tecnologias complementares” desenvolvidas por outras empresas e “conseguir a colaboração” das empresas discográficas.

Em conversa com o JPN, o analista frisou que as empresas ainda não aceitaram a importância do intangível porque “a sabedoria convencional tem longa vida, principalmente nas ciências sociais, onde é mais difícil provar as coisas”. Notou também que “a maioria dos empresários já sabe que o intangível é importante, mas há uma diferença entre perceber algo ao nível intelectual e entendê-lo de forma mais profunda”.

A palestra de David J. Teece inseriu-se no ciclo “Encontros a Norte”, desenvolvido pela Universidade do Porto e pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte.