“Que são precisos recursos a nível europeu, são. Se é o momento para lançar o imposto, não. Estamos no meio de uma crise e não há condições para isso, mas há condições para discutir”, defende Elisa Ferreira sobre a proposta de criação de um imposto europeu, avançada pelo colega e cabeça-de-lista do Partido Socialista (PS) às Europeias 2009.

A proposta de Vital Moreira foi apresentada esta terça-feira, em Chaves. O candidato do PS defende uma melhor distribuição dos recursos disponíveis, em vez de um aumento dos impostos nacionais. Para isso, propõe a criação de um imposto europeu sobre transacções financeiras. De forma a não aumentar a carga fiscal sobre os cidadãos, o candidato socialista pretende levar uma fatia dos impostos nacionais de todos os estados para o orçamento europeu.

Em declarações ao JPN, a candidata do PS à Câmara Municipal do Porto não contesta a proposta apresentada por Vital Moreira. Mas considera que a conjuntura actual do país “não é favorável à implementação de mais um imposto”.

“A União Europeia precisa de ter um orçamento mais forte porque o orçamento da UE em tempos de prosperidade basta, em tempos de crise, não. Nós neste momento estamos numa crise muito grande em toda a Europa e em todo o Mundo e acabamos por não ter meios a nível europeu para despoletar o combate à crise”, alerta Elisa Ferreira.

Em contrapartida, a candidata do PS à Câmara Municipal do Porto propõe um “reajustamento do orçamento europeu de modo a desbloquear verbas rapidamente para que se sinta a dimensão europeia na recuperação”.

“Um devaneio de Vital Moreira”

Nuno Moutinho, especialista em economia e docente da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP) não encontra qualquer viabilidade na proposta de Vital Moureira. “Foi um devaneio que correu mal. Penso que o que ele queria mostrar era que a UE devia ter uma maior capacidade de ajudar. É aquela velha ideia de que Portugal dava um chouriço para receber um porco inteiro. Mas no contexto em que estamos é uma medida completamente utópica. Nunca conseguiria ser aprovada”, declara.

Certo é que a medida também já mereceu fortes críticas da oposição. “Trata-se de mais uma proposta do candidato Vital Moreira que nós rejeitamos: a criação de um novo imposto, um imposto europeu”, contesta Paulo Rangel cabeça-de-lista do PSD e, previsivelmente, o grande opositor de Vital Moreira nas eleições de 7 de Junho.

Diogo Feio, o número dois da lista do CDS-PP às europeias, classifica a medida de “absurda e sem sustentação técnica”. O CDS-PP defende um “melhor aproveitamento dos fundos provenientes da UE”, antes da criação de novos impostos.

“Nós sabemos que não queremos um novo imposto europeu sobre os cidadãos da Europa”, declarou pro sua vez Miguel Portas, cabeça de lista do BE.