A Baixa do Porto foi palco de um passeio de músicos de jazz, esta terça-feira à tarde, entre o Teatro Nacional de São João (TNSJ) e a Estação de São Bento. A iniciativa marcou o primeiro capítulo do Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (FITEI) 2009.

Os St. James Street Band, de Pontevedra, recriam os anos 20 e 30 dos Estados Unidos da América. Com um reportório mais frenético do que nostálgico, muitos foram os que se deixaram levar pela banda no trajecto entre o TNSJ e a Estação de São Bento, bem como os que ficaram para a ver e ouvir nestes locais.

Avelina Teixeira, que trabalha numa loja da Baixa há 32 anos, não resistiu a ir espreitar a Rua de Santa Catarina ao ouvir a música, pois “não costuma haver iniciativas deste género”. Além disso, “qualquer evento atrai mais pessoas para aqui e estamos a precisar disso. Pelo menos as pessoas param e apercebem-se do movimento”, explica a comerciante. Negócio à parte, Avelina Teixeira confessou ter gostado “muito. É sempre bom, a música alegra-nos.”

Ao aperceber-se dos músicos em frente ao café “Majestic”, António Quintela interrompeu o percurso: “Não sabia da iniciativa de hoje, foi uma agradável surpresa” comentou com o JPN.

Elisa Noronha, pelo contrário, “já tinha conhecimento do programa do FITEI, através da internet” e resolveu acompanhar a banda no seu passeio. “Quando soube, interessou-me logo. É a primeira vez que assisto ao FITEI”, confessa. Mas já reservou a noite de sexta-feira para ver o espectáculo dos Fura dels Baus, Boris Godunov.

A viver no Porto há cerca de um ano, a brasileira Elisa Noronha tem “acompanhado
a movimentação da Baixa” e nota uma dinâmica diferente. “A zona estava um pouco deixada de lado e isso ocasionava alguns problemas como a degradação do espaço urbano. Acho que é uma boa iniciativa por que altera o centro da cidade”, aponta.

Em relação à influência do espectáculo dos St. James Street Band na angariação de público para as outras propostas do FITEI, Elisa Noronha não tem dúvidas: “claro que acho que vai aumentar o público do festival. Vão entregando o programa às pessoas e há um interesse em abrir e em perceber do que vai tratar”.

Passeio fez-se acompanhar de guias e programas

As estagiárias do curso de produção, do ESMAE, Ana Fernandes e Vanessa Freitas acompanharam os artistas ao longo do passeio musical para os guiarem e para distribuírem a programação do festival. “Todas as pessoas param e perguntam”, asseguram. Os cerca de 400 programas “foram todos distribuídos em Santa Catarina, nem sequer chegaram aqui”, [a São Bento], o que equivale a cerca de quinze minutos de entregas. “Esperamos que com esta iniciativa haja adesão ao festival por parte do público. É um festival muito importante na cidade”, atestam as futuras produtoras.

O ritmo da música apoderou-se do corpo e espírito de Manuela Pinto, em frente à Estação de São Bento: “saí agora do emprego, ia para o autocarro, já o vou perder, mas vale muito a pena”, confessa, convicta. “Não se pode viver sem música é isso que eu sinto e que eu penso.”

Depois de um dia de trabalho, “eventos como este”, “deixam uma pessoa muito mais bem-disposta, muito mais relaxada e inspirada”, afirma, num sorriso. “Não há melhor sítio e não podia ser melhor escolhido”, acrescenta, quando as perguntas terminam e é hora de deixar Manuela Pinto com os dez minutos de jazz que restam.

Os St. James Street Band voltaram à fachada do TNSJ ainda ontem à noite, antes da estreia de Ariadna, e estiveram, esta quarta-feira, no Metro da Trindade. A última oportunidade de ver e ouvir a banda no âmbito do FITEI será no fecho do festival, dia 10 de Junho, pelas 20h30, em Matosinhos.