“Há muita gente que acha que a população universitária está esclarecida e não está”, afirma Duarte Vilar, director executivo da Associação de Planeamento Familiar (APF), para quem a distribuição de contraceptivos nas faculdades “faz todo o sentido.”

Numa altura em que se debate a proposta da Juventude Socialista (JS) para a distribuição de preservativos nas escolas secundárias, Duarte Vilar revela-se “claramente a favor” da medida. Num estudo que a APF fez em 2008, 42% dos alunos já tinham iniciado a sua vida sexual.”, justifica o responsável, antes de virar as atenções para as universidades. “Em geral fala-se muito dos adolescentes, mas esquecemo-nos de uma faixa etária que marca a transição para a fase adulta que se situa entre os 18 e os 25”, defende.

“A população universitária é um grupo alvo que nós consideramos muito importante porque em grande percentagem já está envolvida em actividades sexuais e portanto aumenta a probabilidade de acontecerem acidentes”, esclarece o director executivo da APF.

“Num estudo que fizemos sobre a interrupção da gravidez concluímos que há duas idades em que há mais recurso, por volta dos 20 e por volta dos 30 e, portanto, estamos exactamente a falar da população universitária”, defende Duarte Vilar.

O director executivo da APF defende que, se o apoio aos alunos universitários consistisse apenas em aconselhamento, “os alunos talvez não aderissem muito.” “Mas aconselhamento mais consulta médica e fornecimento de contraceptivos sim”, acrescenta.

Ruben Coelho, presidente da Associação de Estudantes da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (AEFLUP) considera que a distribuição de contraceptivos nas faculdades “pode ser positiva.” “Mas como já somos todos maiores de idade, pode partir-se do pressuposto de que as pessoas já têm alguma formação a esse nível”, declara o jovem.

Da mesma opinião é Carlos Albuquerque, aluno da FLUP, para quem “a distribuição de preservativos seria algo positivo, ainda mais se for acompanhada de locais de aconselhamento”. No entanto, “esta medida teria mais frutos no ensino básico e secundário porque é precisamente no início e decorrer da adolescência que surgem as primeiras e muitas dúvidas relativamente à adolescência”, defende o jovem.