As intervenções sociais chegaram à rua, mas não às pessoas. “Estamos demasiado presos a preconceitos que levam a que a maioria dos artistas encontrem reconhecimento apenas fora do nosso país”, defende “Mr.Dheos”, um dos graffiters portuenses com maior reconhecimento nacional e internacional

“Como é que se explica eu ser convidado para trabalhar em cidades estrangeiras porque é o meu trabalho em específico que pretendem e na minha cidade, com quase dez anos de actividade, não ter um único convite até hoje?”, interroga-se “Mr.Dheos”, numa altura em que se discute a proposta do PS para aproveitamento do graffiti na reabilitação de zonas degradadas do Porto.

Opinião diferente tem “Kaos”, outro dos mais respeitados artistas de rua do Porto, para quem “com a globalização das artes e da internet, o graffiti em Portugal acaba por estar ao mesmo nível do resto da Europa”. “Já existem muitos trabalhos, as pessoas já conseguem perceber o graffiti como forma de arte que é, já não existe aquele tabu que existia há uns anos atrás. O graffiti foi como um motor do regresso da arte à rua”, considera.

Apesar disto, ambos os artistas admitem ao JPN que a solução” não passa pela legalização do grafitti”. “Nunca seria solução porque seria uma porta aberta para a situação actual piorar bastante. É necessário perceber que nem tudo o que se vê pode ser catalogado como graffiti só porque é feito a spray, e que os sprays estão ao alcance de qualquer um em qualquer altura”, remata “Mr.Dheos”.