"Não podemos tratar as crianças queimadas como adultos queimados", justifica Celso Cruzeiro, presidente da AAQ.

Associação Amigos dos Queimados (AAQ) defende que Portugal precisa de unidades de queimados dirigidas para crianças. “Não podemos tratar as crianças queimadas como adultos queimados. As crianças têm características específicas”, explica ao JPN Celso Cruzeiro, líder da associação.

“Basta ver o tamanho. As camas não são iguais, os ventiladores não são iguais. E mesmo a própria abordagem sob o ponto de vista psicológico é completamente diferente. Um hospital para crianças não tem nada a ver com um hospital para adultos”, afirma o responsável, para quem Portugal tem camas suficientes para tratar os adultos mas “é deficitário no tratamento para crianças”.

Portugal tem actualmente cinco unidades que queimados, duas no Porto, duas em Lisboa e uma em Coimbra. Celso Cruzeiro insiste, porém, que “não existe uma única unidade vocacionada para o tratamento de crianças. Existem algumas camas nos hospitais pediátricos que tratam as crianças queimadas mas não são propriamente unidades com características próprias”, diz.

“Nós com as camas que temos em Portugal conseguimos suprir essa necessidade. Não digo que não haja períodos de maior afluência, nomeadamente no Inverno, mas digamos que são picos e durante o ano conseguimos em termos de adultos estar o país mais ou menos controlados”.

As crianças fogem um pouco ao controlo, visto que não são tratadas em unidades específicas, mas sim nos traumatismos gerais da pediatria, diz Celso Cruzeiro. Em Portugal são tratados cerca de 1500 doentes queimados por ano.

Já ontem, durante o VI Congresso Nacional de Queimados, em Viseu, Celso Cruzeiro lembrou que as crianças queimadas exigem cuidados especiais. Organizado pela Associação Amigos dos Queimados e pela Sociedade Portuguesa de Queimaduras, o congresso acontece até sábado e reúne especialistas nacionais e estrangeiros para discutir os avanços no tratamento dos doentes com queimaduras.