A eleição para o Parlamento Europeu, no qual Portugal está representado por 22 deputados, aproxima-se mas, ao fim de uma semana de campanha eleitoral, o politólogo António Costa Pinto considera que PS e PSD se encontram “numa posição particularmente fragilizada”, sem que nenhum dos dois apresente “propostas que efectivamente tenham que ver com as eleições europeias”.

As Europeias no JPN

A partir desta segunda-feira ,e ao longo de toda a semana, o JPN apresenta entrevistas com Ilda Figueiredo, Miguel Portas, Nuno Melo, Paulo Rangel e Vital Moreira. Cada um dos cinco cabeças de lista falará do que é ser europeu e explicará as suas propostas e de que forma Portugal poderá reforçar o seu papel na comunidade, entre outros temas.

O investigador e professor do Insituto de Ciências Sociais da Universiade de Lisboa realça que as eleições de 7 de Junho “são menos sobre a Europa do que é habitual, dada a sequência de eleições nacionais”, “mas também são importantes para o PSD consolidar minimamente” a sua posição até às legislativas.

Por essa razão, António Costa Pinto defende que “os líderes desempenham um papel mais importante no processo eleitoral” e os cabeças de lista “têm menos importância” nesta campanha. “Só no caso do PSD é que a razoável revelação do cabeça de lista Paulo Rangel necessita menos de líder, mas irá aparecer seguramente”, analisa. “As campanhas eleitorais que são cada vez menos sobre o conteúdo da mensagem”, conclui o politólogo.

A presença dos líderes partidários nacionais terá que ver com “a alta taxa de abstenção”, mas também com uma certa “personalização da política” sobretudo “tendo em conta o conhecimento que a sociedade portuguesa tem dos cabeças de lista”, defende António Costa Pinto. “As pessoas têm o ideal típico de que as campanhas servem para discutir propostas”, diz o politólogo, mas como a campanha para o Parlamento Europeu “está muito centrada na realidade nacional, os candidatos respondem em função da conjuntura política nacional”.

António Costa Pinto confessa que, no plano “estritamente técnico”, Paulo Rangel, cabeça de lista do PSD, o surpreendeu pela positiva pelo facto de “ter todas as características de um político profissional”. Quanto aos partidos sem representação parlamentar, o politólogo considera “difícil” a emergência de novos partidos. “O Bloco de Esquerda foi o primeiro em 30 anos a consolidar-se no espectro político nacional” o que pode ser explicado, ainda segundo o politólogo, pela “alta taxa de abstenção”.