No ano passado, segundo em relatório da Associação Mundial de Jornais, a venda destes periódicos aumentou 1,3% em todo o mundo. Por dia foram vendidos quase 540 milhões de jornais, apesar da crise económica que tem vindo a afectar o sector dos meios de comunicação social (ver caixa).

O relatório

Os dados revelados pela Associação Mundial de Jornais fazem parte do relatório anual que será emitido pela organização. No artigo publicado na página oficial da associação, o presidente Gavin O’Reilly salienta que estes números contrariam as análises “simplistas” que prevêem a morte dos jornais. O documento noticia que, para além de a venda de jornais ter crescido 1,3% em 2008, esse aumento tem-se registado, especialmente, nos mercados em desenvolvimento. É na Europa que reside o maior número de adeptos da imprensa gratuita.

Alfredo Maia, presidente do Sindicato dos Jornalistas (SJ), considera que este aumento mostra que os cidadãos “voltam a confiar na imprensa, no suporte de papel”, um optimismo que não é partilhado por grande parte dos profissionais portugueses. Para o jornalista, este aumento nas vendas é “um sinal de que é justa a expectativa de que o aumento da escolaridade e o aumento da qualificação dos portugueses corresponda a um aumento do consumo de informação”.

“Eu creio que apesar de tudo os cidadãos sentem necessidade de encontrar no meio impresso a explicação das notícias da actualidade, ângulos de visão e de observação da realidade diversificados”, afirma o presidente do SJ.

Alfredo Maia vê outra vantagem no meio de comunicação impresso: a mobilidade. “Uma das razões pelas quais as pessoas compram os jornais é que, de facto, o jornal é um meio confortável de leitura, as pessoas podem andar para trás ou para a frente, sublinhá-lo, dobrar o jornal e levar para a praia. Do ponto de vista da mobilidade é um meio excelente”, afirma.

A crise económica tem contribuído para a quebra nas vendas, pelo que Alfredo Maia recebe esta notícia como um sinal positivo. “O jornal é um bem caro e face à crise económica, às dificuldades que as pessoas têm, em muitos estratos da população o jornal é uma das primeiras coisas que se dispensa.”

Em Portugal, uma das razões para o aumento das vendas parece ser a própria cultura dos portugueses. “Apesar dos avanços das tecnologias e dos novos suportes, a nossa cultura ainda é essencialmente assente nos meios impressos”, defende.