Ao avistar algumas zonas da Baixa do Porto, em particular a Rua Cândido dos Reis, Galeria de Paris, Rua das Flores e a Ribeira, é fácil dar conta do colorido que, desde a semana passada, tem vindo a ganhar espaço. Mas, avançando aos poucos, a constatação torna-se óbvia: não são simples bandeiras que se enquadram nos festejos sanjoaninos. São bandeiras, é certo, mas a novidade é outra: cada uma delas tem uma fotografia de algum habitante ou comerciante daquela área.

Na Rua das Galeria de Paris, Ana Neto e Joana Lima, dinamizadoras do projecto “De Festa em Festa” e responsáveis pela S.P.O.T. – Sociedade Portuense Outras Tendências, Lda, ultimam alguns detalhes da actividade e certificam-se de que as bandeiras ainda não caíram. Nos minutos dispensados ao JPN, Joana Lima explica que, com este projecto, a organização quer “aliar a tradição e a sinalética popular do S. João à identidade de cada um”.

Para isso, foi iniciado um processo de recolha de fotografias junto dos habitantes, comerciantes e entidades das ruas envolvidas. “Falámos com as pessoas, pedimos fotografias e elas deram, o que ajudou a que se criasse uma relação de proximidade, em que cada um dá uma parte de si”, esclarece Joana.

No entanto, o processo de recolha e a aceitação do público não foi igual em todas as zonas. A responsável diz que “na Ribeira as pessoas empenharam-se e deram logo fotografias” enquanto que na zona das Galerias de Paris o público “não foi imediatamente tão receptivo”. Agora que quase todas as bandeiras estão colocadas, Joana diz que “toda a gente está feliz e, mesmo quem ficou de fora, gostava de ter participado”.

Recolher, tratar e pendurar

Depois da recolha, as fotografias “foram tratadas no Photoshop, aplicadas nas bandeiras” e estas, por sua vez, “foram penduradas”. Foram precisos “cerca de dois meses, dois meses e meio” para concluir o processo. Joana diz que “foi muito trabalhoso, mas o resultado é festivo e a reacção das pessoas é do melhor que há”.

Na Rua Cândido dos Reis, os lojistas contactados pelo JPN mostram-se, regra geral, satisfeitos com a iniciativa. Apesar de não ter participado na actividade, Ângela Silva, da Gesto – Cooperativa Cultural, confessa que “se sente a energia de um processo de trabalho e de interacção com as pessoas.” Rita Silva, dos Armazéns Max Lot, é da mesma opinião. “É engraçado para um pouco e ver se encontramos pessoas conhecidas nas bandeiras”, diz, enquanto espreita uma ou outra.

O projecto foi concretizado numa parceria da S.P.O.T. com a empresa municipal Porto Lazer. As bandeirinhas vão continuar a ornamentar as ruas até ao final do mês.