Ser investigador – um sonho ou um acaso do destino? Com as atenções centradas em elementos que muitos não compreendem, os jovens investigadores portugueses não abandonam aquilo que é, em muitos casos, o “sonho de pequenino”.

Querer descobrir a cura do cancro, andar no terreno à procura de novas plantas ou descobrir a estrutura de proteínas são alguns dos propósitos de vida.

Em Portugal, muitos jovens delinearam o seu caminho com um objectivo de difícil concretização: vencer na investigação em Portugal, um país onde as condições não proliferam.

IBMC: Mais de 300 investigadores

O IBMC é um dos principais centros de investigação portugueses e encontra-se voltado, especialmente para os campos da Biomedicina e da Biotecnologia. Com cerca de 300 investigadores, distribuídos por mais de 20 grupos, o instituto desenvolve actividades em cinco áreas: doenças genéticas, doenças infecciosas e imunologia, neurociências, stress e biologia estrutural

De educadora a investigadora

Ana Margarida Pereira não seguiu o seu sonho de miúda. Não queria ser investigadora, nem pensava que o seu futuro estivesse nas “mãos da ciência”. Mas quis o destino desviar Margarida do sonho de uma carreira em educação de infância. Tornou-a uma uma “mulher da ciência” no Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC).

Formada em Química na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, a jovem de 26 anos faz parte da equipa de Bioquímica Estrutural no IBMC há cerca de dois anos e meio.

É aqui que se sente bem. Confessa, aliás, que o momento mais importante do seu trabalho neste instituto foi sem dúvida ter conseguido entrar no grupo. “Num trabalho como o nosso, em que passamos aqui muitas horas e temos que batalhar muito e damos com a cabeça na parede porque não conseguimos o que queremos, o apoio dos colegas e do orientador é muito importante”, desabafa a investigadora.

Tudo o que uma proteína esconde

Sempre com um “espírito curioso e uma vontade de saber sempre mais”, Ana Margarida Pereira trabalha actualmente com proteínas, tentando desvendar tudo o que elas escondem. “Temos que descobrir a estrutura delas e depois a estrutura dá-nos uma ideia da função. Fazemos ainda outros estudos porque algumas proteínas são responsáveis por doenças ou mutações.”

Para a Ana Margarida Pereira, as colaborações internacionais facilitam o trabalho como investigador em Portugal. A jovem tem consciência das dificuldades que esta área enfrenta no país, mas reconhece o esforço que se tem feito para mudar essa realidade.

“Há mais dinheiro lá fora, há outras condições. Mas cada vez mais em Portugal está-se a apostar muito na ciência e nós vamos conseguindo fazer aquilo a que nos propomos. Se for preciso vamos lá fora umas temporadas mas depois voltamos”, revela.

Por enquanto, Margarida Pereira não precisa de sair para passar as tais “temporadas”. Foi recebida no IBMC e é lá que, nos próximos tempos, vai conseguir conhecer melhor as “suas” proteínas.