Um instituto “pequeno” com “bom ambiente” onde é “muito agradável” trabalhar. É com estas palavras que Rita Barros, investigadora do IPATIMUP (Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto), descreve o local em que trabalha desde 2005.

Dedicada à carcingénese, Rita Barros sempre se mostrou interessada em estudar o cancro: “Já quando escolhi o meu tema de estágio foi nesta área. E a partir do momento em que tive a oportunidade de vingar nesta área, não tive qualquer dúvida”, confessa a jovem de 26 anos.

IPATIMUP no mundo

Criado em 1989 sob a égide da Universidade do Porto, o IPATIMUP foi um dos primeiros quatro laboratórios associados do Ministério da Ciência formados em Portugal. Tem uma articulação funcional com o IBMC e o INEB, usufruindo ainda de vários protocolos com instituições do Brasil, EUA, Canadá, China e PALOP. A divulgação científica sobretudo na prevenção do cancro e de outras doenças é uma das principais actividades desenvolvidas.

Formada em Bioquímica na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, a investigadora desde cedo mostrou que tinha a ciência a correr no sangue. “No secundário participava nos grupos de Ciência Viva (até ganhamos um prémio com um projecto). Comecei muito nova a fazer pequenos projectos”, recorda.

Estrangeiro oferece melhores condições

Mesmo que nunca tenha apostado na investigação no estrangeiro, Rita já contactou com diversos modos de trabalho nesta área. Estagiou na Dinamarca, já teve algumas colaborações internacionais e possui, actualmente, uma bolsa mista, trabalhando, em simultâneo, no IPATIMUP e em Estrasburgo.

No estrangeiro as hipóteses são diferentes das que os investigadores nacionais podem usufruir. “Eles têm ‘facilities’ que nós não temos”, explica Rita Barros, sem conter um exemplo:

“Estivemos a falar com um colega que está nos EUA e lá, para perceberem um problema, ele teve à à disposição 600 ratos [cobaias de laboratório]. As nossas hipóteses são mais ponderadas mas aprendemos outras coisas”, revelou.

Rita Barros confessa que tem a consciência que, no estrangeiro, poderia “fazer outras coisas”. Aliás, para a investigadora, hoje a experiência internacional é “indispensável” para encontrar um “termo de comparação”.

Analisando o panorama nacional, a atitude dos portugueses face à investigação é, para Rita Barros, o verdadeiro problema, já que raramente é encarada como um emprego. “Ser bolseiro de investigação não é um emprego. O trabalho dos investigadores contratados aqui do IPATIMUP já é visto como um emprego porque eles têm um contrato de trabalho”, confessa.