É uma viagem ao teatro “bruto” de Eimuntas Nekrosius. A Meno Fortas, companhia do encenador lituano, leva, esta sexta-feira e sábado, ao palco do Teatro Nacional São João (TNSJ), “Idiotas” de Fiódor Dostoievski. O espectáculo, que tem agora a sua segunda representação depois da estreia mundial, tem a duração de cinco horas e assinala o início da nova temporada.

Com uma programação (ver PDF) que garante “excelência e diversificação”, nas palavras do director artístico Nuno Carinhas que, esta segunda-feira, apresentou os eventos para 2009/2010 do TNSJ, esta nova temporada é dedicada a Isabel Alves Costa, juntando-se, assim, ao Festival Internacional de Marionetas do Porto (FIMP) na homenagem à ex-directora artística do Rivoli.

Uma nova temporada que conta, também, com novos embaixadores, como o realizador Manoel de Oliveira, o pianista Pedro Burmester e a estilista Maria Gambina – que não faltaram à sessão de apresentação – Manuela Azevedo, vocalista dos Clã, grupo que ontem assegurou o espectáculo de abertura da temporada, e ainda o actor Albano Jerónimo e o investigador Sobrinho Simões.

Até 2010, o TNSJ e o Teatro Carlos Alberto vão contar com as estreias de “Mansarda”, uma criação colectiva com direcção artística de André Braga e Cláudia Figueiredo, “Emilia Galotti” de G.E. Lessing, com encenação do já habitual Nuno M. Cardoso, “Breve Sumário da História de Deus” de Gil Vicente, encenado por Nuno Carinhas que, tal como seu antecessor, Ricardo Pais, escolheu “o pai do teatro português” para iniciar o seu percurso e “O Avarento” de Molière, com encenação do “resistente ambulante” Rogério de Carvalho.

Uma casa “aberta à reflexão”

Com produção do TNSJ, estreia ainda, em Março, “Blackbird” de David Harrower, encenado por Tiago Guedes, que assume um novo projecto depois de “Pillowman”, e “Antígona” de Sófocles, com o director artístico como encenador.

“Alguém Olhará por Mim”, de Frank McGuiness, estará no Mosteiro de São Bento da Vitória em Abril e, já no final da temporada, chega aos palcos “Diálogo no Pântano”, de Marguerite Yourcenar, e “O Dia de Todos os Pescadores”, de Francisco Luís Parreira, com encenação de João Cardoso.

A destacar, ainda, “O Ano do Pensamento Mágico” que, em Janeiro, faz regressar aos palcos do TNSJ a dupla Eunice Muñoz e Diogo Infante (na encenação) depois de “Dúvida”, “Concerto à la Carte” com interpretação de Ana Bustorff, “Electra” de Olga Roriz, o “primeiro evento coreográfico” da temporada, e “A Mãe”, de Brecht, pela Companhia de Teatro de Almada.

Na nova temporada não faltará espaço para iniciativas como o FIMP, que leva o novo circo ao Mosteiro de São Bento da Vitória com “Le Mâtitube”, o Trama – Festival de Artes Performativas, que apresenta “Atom” também no mosteiro, o Alkantara Festival, o FITEI e o Festival de Almada, que está pela primeira vez no TNSJ.

Fica a promessa de Nuno Carinhas de manter o teatro como uma “casa aberta à reflexão, que valoriza o diálogo com o público e as escolas” e, também, o “diálogo fora de portas”, ou não pertencesse à administração da União dos Teatros da Europa. Para além da possibilidade de comprar os bilhetes no site, uma outra novidade é a inauguração de um centro de documentação.