Em 1994, o tema “Nadar” inundou as rádios e televisões portuguesas, tornando-se num verdadeiro hino. Apareciam então os Black Company, nascidos nos finais dos anos 80, em Lisboa.

Até então, o “rap” cantado em português era novidade, como explica Guto ao JPN. “Nós fomos dos primeiros a difundir o rap cantado em português, o que foi essencial para ganharmos identidade. Talvez por isso o ‘Nadar’ teve o sucesso que teve, porque foi o ponto de partida. Até aí o português não soava bem.”

O refrão “Não sabe nadar” tornou-se num sucesso entoado pelos portugueses, com uma letra simples, mas decisiva, na opinião do vocalista. “Apesar de parecer uma musica básica, teve essa força e a função de abrir as portas ao hip-hop cantado em português.”

Regresso em 2008

Os elementos da banda, Guto, Bambino, Tucha, KGB e Makkas, participaram na colectânea “Rapública”, em 1994, e, desde então, tornaram-se numa influência para muitos grupos de hip-hop.

Um fenómeno “localizado”, sublinha Guto, que depressa se estendeu a outros pontos do país. “Naquela altura havia o espírito africano, o “african power”. Toda a gente andava com símbolos de África, da Mercedes. Por isso, é normal que tenha crescido nos bairros onde havia mais africanos e retornados, aí ouvia-se mais hip-hop“, refere o vocalista.

Um ano depois, lançavam o álbum “Geração Rasca” e, em 1998, “Filhos da Rua”. A banda decidiu então fazer uma pausa, regressando apenas no ano passado, dez anos depois do último trabalho.

“A certa altura não reuníamos todas as condições para continuar e fizemos uma paragem”, justifica Guto. “Quando sentimos que valia a pena voltar outra vez para nos divertirmos, voltamos.” O tema “Só Malucos”, com a participação de Adelaide Ferreira, marcou o regresso da banda com o álbum “Fora de Série”, de 2008. Da formação original, para além de Guto, apenas os MC´s Bambino e Makkas continuam.

Das experiências a solo, Guto salienta as vantagens. “Hoje somos mais sofisticados, com mais experiência de música e de indústria”, finaliza.