São muitos os cartazes espalhados pela cidade do Porto nas vésperas das eleições autárquicas. As faces de Elisa Ferreira, Rui Rio, João Teixeira Lopes e Rui Sá surgem a cada esquina, sempre acompanhadas de fervorosos slogans. À conversa com o especialista em comunicação e marketing, Martins Lampreia, o JPN tentou perceber qual a eficácia destes cartazes e das mensagens neles veiculadas.

Para o consultor, no duelo dos cartazes de Rui Rio e Elisa Ferreira, quem ganha a batalha é o actual autarca. Na opinião do especialista, Elisa Ferreira falhou por ter utilizado vários cartazes diferentes, o que foi “manifestamente excessivo” e levou a uma “dispersão da linha de força da mensagem”. Também a “sobrecarga visual” com demasiados “personagens” foi um dos aspectos que o director da empresa de comunicação “Omniconsul” aponta como uma das falhas da campanha.

Como aspectos positivos, Lampreia realça a presença de letras minúsculas nos cartazes da socialista, pois estas são mais facilmente apreendidas pelos cidadãos. Entre todos os cartazes de Elisa Ferreira, o melhor é o último da candidata. É o mais apelativo e menciona o voto da mudança com o slogan “É agora Porto!”.

Rui Rio é o “campeão” dos cartazes

Martins Lampreia caracteriza, por sua vez, os cartazes de Rio como “visualmente muito fortes” com uma imagem de “muito boa qualidade”. O especialista destaca a fotografia “bem conseguida” tirada de corpo inteiro que acompanha o slogan “Com os dois pés no Porto” no primeiro cartaz. A boa qualidade prende-se ainda com o “recorte do Porto no horizonte”.

Em suma, Lampreia diz que o autarca conseguiu simplificar o conteúdo, optando por slogans “curtos e incisivos” e que por isso é o “campeão” dos cartazes.

Já no que diz respeito aos cartazes do Bloco de Esquerda e da CDU, o director da Omniconsul entende que serviram apenas para “marcar presença” na campanha, já que nenhum deles transmite uma “mensagem específica” por parte dos partidos.

Palavra “candidato” transmite imagem de “previsível perdedor”

A nível gráfico, o especialista entende que o cartaz mais apelativo é o a CDU, pois recorre ao vermelho da revolução e ao azul da cidade do Porto, tendo um slogan com “uma certa força”.

Contudo, o uso da palavra “candidato” nos cartazes de Rui Sá é um factor negativo, porque dá “a ideia de ser mais um ‘candidato'” e tal pode “subliminarmente levar a que seja catalogado como um previsível perdedor”.

Em relação ao BE, Martins Lampreia aponta como aspectos negativos a inexistência, num dos cartazes, do nome do candidato à autarquia, João Teixeira Lopes, o que o torna “pouco personalizado”.

Apesar da abundância de cartazes destas eleições, Martins Lampreia considera que este meio de propaganda ficou “relegado para um papel secundário” com o aparecimento de múltiplos suportes, de que são exemplos as redes sociais.