Ao contrário do que tinha sido avançado pela administração da empresa na Assembleia de Credores do passado dia 29 de Setembro, quando se admitiu a provável suspensão de 230 postos de trabalho, a Qimonda anunciou, esta segunda-feira, o despedimento de 590 colaboradores dos 800 que estão em regime de lay-off.

Segundo o documento emitido pela administração, estas “são medidas indispensáveis para o relançamento da actividade da empresa e a sua manutenção num sector extremamente competitivo e que sofre ainda sérias dificuldades devido à crise que atravessa”.

Autarca quer ser ouvido pelo Governo

Em declarações à Agência Lusa, o autarca de Vila do Conde mostrou-se “perplexo” com o anúncio feito pela Qimonda. Mário Almeida pediu ainda uma reunião urgente com o Governo, embora realce que a administração admitiu a possibilidade de “readmitir alguns trabalhadores daqui a uns meses com a [possível] viabilização da empresa”. O Ministério da Economia e Inovação já reagiu ao pedido de Mário Almeida e confirmou à Agência Lusa que o autarca “será recebido rapidamente”.

A nota de imprensa adianta que não está excluída a “possibilidade de, durante a fase que antecede a decisão final, serem encontradas soluções mais próximas dos interesses concretos das pessoas”. Uma das soluções apontadas passa pela “celebração de acordos de revogação que antecipem o momento da extinção do contrato de trabalho e a possibilidade de considerar a manutenção do regime de lay-off para um número limitado de contratos”.

Comissão de Trabalhadores em reunião

A Comissão de Trabalhadores da Qimonda, segundo notícia avançada pela Agência Lusa, reúne esta tarde com a administração da empresa para pedir esclarecimentos acerca do processo de despedimento dos 590 funcionários. O JPN não conseguiu obter declarações dos responsáveis em tempo útil.

Em declarações ao JPN, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Eléctricas do Porto, Miguel Moreira, admite que é com “grande preocupação que vê mais 590 trabalhadores irem para o desemprego”. “Afigura-se uma calamidade social para a região Norte do país, em particular para Vila do Conde”.

Miguel Moreira admite não saber o futuro da empresa visto que “o plano inicial que existia na Qimonda foi alterado em 15 dias”, lamenta. “A empresa dizia que ia necessitar de 770 trabalhadores e que os que estavam em lay-off iam ser chamados gradualmente para prestar serviço. Quinze dias depois somos confrontados com uma situação completamente diferente. Quem está em lay-off vai para o despedimento.”