Há dois anos, Portugal caiu na tabela de países que mais respeitam a liberdade de imprensa e este ano voltou a acontecer o mesmo. A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) considera que a liberdade de imprensa diminuiu em Portugal, atribuindo-lhe a 30.ª posição do ranking mundial.

No ano passado, o país conseguira a 16.ª posição, uma descida de oito posições em relação a 2007, quando foi considerado o 8.º país do mundo onde mais se respeitava a liberdade nos meios de comunicação social.

Brasil e Moçambique sobem no ranking

Brasil e Moçambique foram os únicos países de língua portuguesa que, este ano, apresentam melhores resultados no que diz respeito à liberdade de imprensa. O Brasil subiu para o 71.º lugar, devido aos “esforços desenvolvidos pelo governo Lula em matéria de acesso à informação”. Já Moçambique subiu oito posições, situando-se, agora, no 82.º posto. Cabo Verde, Guiné-Bissau, Angola e Timor-Leste desceram na classificação.

O relatório esclarece que, no entanto, Portugal se encontra “em boa situação” face à liberdade de imprensa, opinião que não é partilhada por Alfredo Maia, do Sindicato dos Jornalistas, que considera que a situação no país, no que se refere à liberdade de expressão, é “negativa”. Portugal passa, agora, a estar ao mesmo nível da Costa Rica e do Mali, depois de, em 2008, ter estado ao lado de países como a Holanda, Lituânia ou a República Checa.

Europa também recua

A descida não é exclusivamente portuguesa: a Europa, como um todo, também perdeu posições no ranking. “A Europa, que foi durante muito tempo um exemplo em matéria de respeito pela liberdade de imprensa”, diz o relatório, recuou na lista, contabilizando 15 países na lista dos 20 primeiros classificados, contra os 18 do ano passado.

“É perturbante constatar que democracias europeias como a França, Itália e Eslováquia têm vindo a cair sistematicamente de posição no ranking, ano após ano”, frisou o secretário-geral da RSF, Jean-François Julliard.

Prova disso é a Eslováquia, o país que mais “caiu” no ranking, tendo descido do 7.º para o 43.º lugar, muito por “culpa” das leis que têm vindo a ser aprovadas desde Setembro do ano passado e que “comprometem o trabalho dos jornalistas”.

Esta tabela faz parte do relatório divulgado anualmente pela organização, elaborado com base em questionários a centenas de jornalistas e especialistas dos meios de comunicação internacionais.

Este ano, o país que lidera o ranking é a Dinamarca, enquanto que Cuba, China, Irão, Birmânia, Coreia do Norte e Eritreia estão entre as últimas posições.