Inácio Ribeiro, economista, filho mais velho de seis irmãos de um casal de lavradores da freguesia de Unhão, Felgueiras, substituiu, nas últimas eleições, Fátima Felgueiras na presidência da câmara. Aos 43 anos foi protagonista de uma das vitórias mais mediáticas das autárquicas. Agora à frente dos destinos de Felgueiras, o social-democrata, até então presidente da Associação Industrial e Comercial de Felgueiras, garante que está preparado para o desafio.

“O comportamento da comunicação social foi de estupefacção e espanto pela mudança porque tem havido algumas imagens de marca que não correspondem àquela que é a imagem real deste povo e desta terra. Por isso, esta vitória foi uma lição, um exemplo, para a Democracia, para a Justiça e para a Liberdade”, disse, ao JPN, Inácio Ribeiro.

“Há vinte anos que acompanho a autarquia”

Militante do PSD desde 1983, frequentou “a escola da JSD” durante os anos 80 e 90 como militante e dirigente concelhio e distrital. Resultado dessa experiência política, promete introduzir a marca social-democrata na gestão da Câmara de Felgueiras e recusa falar dos “fantasmas do passado” – uma alusão clara à polémica gestão de Fátima Felgueiras.

“Não fui eu quem ganhou as eleições autárquicas, foi o povo honesto e trabalhador de Felgueiras”, afirma, prometendo valorizar “as competências colectivas do concelho”, dando como exemplo os bordados da Lixa ou o Pão de Ló de Margaride.

Negociar com a oposição

Eleito pela Coligação Nova Esperança (PSD/CDS-PP), Inácio Ribeiro venceu com maioria absoluta, mas não promete não deixar de negociar com a oposição, sempre que a matéria justifique. “Não se trata de negociar por negociar; trata-se de prudência e discernimento suficientes para vermos o que é essencial para o concelho. E quem me conhece sabe que não é por aí que vai haver problemas”, garante.

À pergunta ‘que câmara espera encontrar?’, Inácio Ribeiro explica que tem uma “noção muito clara” da forma como é “gerida” a autarquia. “Há vinte anos que acompanho com regularidade, intensidade e profundidade tudo o que se passa na autarquia. Portanto, não ficarei espantado, sejam quais forem as variáveis que vá encontrar fora do sítio.”

Confrontado com o dilema entre ser um gestor ou um político, o novo líder do município felgueirense fará o esforço para conciliar os dois lados. “A gestão pura e dura, sobretudo ao nível técnico-financeiro, sê-lo-á na medida do justificável, do aceitável e do exigível. Naturalmente que haverá, também, componentes políticas que são relevantes.”

“Revolução geracional”

Aos jovens felgueirenses, o novo autarca deixa um desafio: “Digo aos jovens que não quero dar-lhes aquilo que não tive, mas quero desafiá-los para que me digam claramente, olhos nos olhos, aquilo que querem”.

Determinado em ser um presidente de consenso, Inácio Ribeiro garante que a conquista da câmara se deveu a uma “revolução geracional” . “Há aqui uma renovação geracional intensa, não só nos órgãos autárquicos, mas até pela dinâmica que a campanha revelou. Estamos no caminho certo e há um novo ciclo e uma maneira diferente de abordar os problemas e olhar para o concelho.”