João (nome fictício) só começou o contacto com Inês Freitas, terapeuta da fala, quando tinha cerca de um ano e meio. Antes disso, eram muitas as diferenças sentidas pelos pais, como enumera a mãe Fernanda (nome fictício): “O meu filho, antes de ir para a terapia, não me olhava nos olhos, chorava quando lhe pegávamos ao colo, não respondia quando o chamávamos e não dizia uma única palavra.”

Para Fernanda, o contacto do seu filho com a terapeuta é fundamental. Apesar das poucas alterações sentidas no início, as diferenças são agora evidentes: “O seu desenvolvimento está a ser notório e nós como pais estamos muito satisfeitos com a sua evolução.”

Fernanda nota também mudanças no relacionamento de João com as outras crianças: “Já brinca com os outros meninos, diz o que precisa, cumpre regras. Além disso, também está mais atento e acompanha os outros meninos na escola.”

Quando foi diagnosticado que João tinha autismo, os pais decidiram visitar a Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo do Norte (APPDA-Norte). “Lá explicaram-nos o que era o autismo e encaminharam-nos para as terapias. Agora convocam-nos para palestras e reuniões com pais de meninos com autismo, em que discutimos alguns dos temas que nos preocupam”.

Contudo, Fernanda não deixa de referir que a instituição deveria “investir em mais técnicos”, uma vez que “as listas de espera para as terapias são muito longas e há muitas crianças que ficam sem apoios”. Na verdade, estima-se que, em Portugal, o autismo atinja 65 mil pessoas. A APPDA-Norte também tem vindo a investir em novos projectos, com a vista à integração dos jovens autistas na sociedade.

João tem agora seis anos e está envolvido em diversas actividades, como a hidroginástica. Na escola frequenta Terapia Ocupacional e tem apoio do Ensino Especial. O seu desenvolvimento, diz a mãe, é visível de dia para dia.