O secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Manuel Pizarro, aproveitou a presença na abertura do programa doutoral em Ciências Cardiovasculares da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) esta sexta-feira, para destacar a aposta na investigação e desenvolvimento feita pelo Governo. Tal aposta é importante, considera, na afirmação portuguesa no “crescimento de uma nova economia baseada na investigação”, a nível mundial.

“Portugal aposta muito mais na investigação do que apostava, mas tem de apostar mais”, explica, acrescentado que, em 2007, “pela primeira vez em Portugal”, “mais de um por cento do PIB foi investido em investigação e desenvolvimento”. “Mais de metade desse investimento foi feito por empresas e não apenas pelo Estado”, explica, ao contrário do que “era tradicional”.

FMUP distinguida pela Ordem dos Médicos

A FMUP vai ser laureada com o Prémio Corino de Andrade, pela Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos pelo “papel incisivo que desempenha na formação de médicos em Portugal”. Este galardão visa distinguir anualmente uma pessoa individual ou colectiva que tenha prestado serviços relevantes à Medicina e teve como anterior vencedor o Instituto de Inovação e Investigação em Saúde. O prémio é entregue a 13 de Janeiro, no Centro de Cultura e Congressos da Ordem dos Médicos, no Porto.

“O país tem apenas duas opções: ou resignar-se à ideia de que somos um país periférico, de pobreza relativa” ou acreditar “que o país pode mudar radicalmente”. No entanto, “há que criar um clima institucional que favoreça as capacidades dos que se involvem nestes programas”, declara. “Temos que criar o ambiente adequado para que este esforço seja realizado com sucesso”, finaliza.

O programa de pós-graduação, inédito em Portugal, conta com doze doutorandos e pretende “promover a investigação científica de translação” numa área da saúde que mais mortes causa a nível mundial. O maior benefício deste programa, explica o director responsável pelo mesmo, Adelino Leite Moreira, é dar a “possibilidade de formar mais recursos humanos na área das doenças cardiovasculares”.

O programa “nasce numa unidade que tem conseguido conciliar duas áreas” que exigem muito tempo por parte dos seus profissionais: a investigação e a prática da medicina. Para contrariar a falta de médicos internos doutorandos derivada desse facto, salienta Adelino Leite Moreira, é necessário um “ajustamento na formação [dos doutorandos] para que seja mais eficaz a integração” do programa com a prática da Medicina.

Já o Director da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Agostinho Marques, fez questão de salientar que o programa “já nasce com todas as garantias” e demonstra a “grande sintonia entre a faculdade e o hospital”. No entanto, essa “sintonia” teve como maior dificuldade o problema de “colaboração entre duas instituições que pertencem a dois ministérios diferentes”, o que torna a “conciliação sempre muito complicada”.

António Ferreira, Director do Hospital de São João, salientou o empenho da unidade hospitalar na iniciativa e, aproveitando a presença de Manuel Pizarro, não deixou de falar do estatuto do interno doutorando, que permite aos médicos internos participar em programas de doutoramento. “O São João está totalmente empenhado em que os internos doutorandos possam existir no hospital”, declara. A medida é benéfica para o hospital, explica, porque “os médicos envolvidos com a investigação adoptam medidas que lhes permitem aplicar métodos científicos” no desempenho da profissão.