A arquitectura do século XXI deve ir ao encontro de “elementos da Idade das Cavernas”. Antigamente, o “Homem cuidava do que tinha em torno”, não se esquecendo da importância da natureza. “Os últimos séculos trouxeram a esquizofrenia da abstracção e do ultra-urbano”, diz o arquitecto Bernardo Rodrigues, que, por isso, defende que “a inteligência humana deve voltar a uma certa sabedoria antiga”.

Em termos práticos, a arquitectura deve ser “sustentável” para “cuidar do ambiente e receber as energias” do envolvente. Nos seus projectos, Bernardo Rodrigues, ex-aluno da Universidade do Porto que, na quinta-feira, deu uma conferência na Faculdade de Arquitectura (FAUP), aposta na utilização de materiais pouco poluentes e não se esquece da integração de elementos da natureza, seja através de cortes de luz ou de espelhos de água.

É o caso do Opus Magma, o futuro Centro de Criação de Teatro e Artes de Rua de Santa Maria da Feira. A estrutura irá localizar-se numa antiga pedreira abandonada e está pensada para albergar todo o género de espectáculos, sejam interiores ou exteriores, um pouco à semelhança dos auditórios romanos.

“Primeiro vem a ideia mental, o conceito, depois o sítio. É muito importante”, diz. Com 37 anos, o arquitecto, com atelier no Porto, tem obras espalhadas por países como os Estados Unidos da América, a China, o Japão e o Dubai e, claro está, Portugal, nomeadamente os Açores, onde nasceu.

“Complementem-se com áreas de outros cursos”

Bernardo Rodrigues deixou a FAUP em 1996, mas não deixa de dizer que a instituição é “uma das escolas mais reputadas do mundo e com legitimidade”. “No meu gabinete, apesar de ter ido [estudar] para fora, quem me resolve os projectos acabam por ser jovens desta faculdade”, salienta.

Foi a convite do Clube de Empreendedorismo da Universidade do Porto (CedUP) e da Associação de Estudantes da FAUP que Bernardo Rodrigues esteve na FAUP.

Em jeito de conselho para os jovens licenciados, o arquitecto evidencia a mais-valia que foi ter ido estudar para o estrangeiro para “procurar um complemento”. Primeiro em Londres, onde estagiou numa firma que fez a reconstrução de edifícios classificados ingleses, depois em Nova Iorque, numa escola “com forte componente de filosofia e teoria”, e, por fim, uma pós-graduação na Harvard Business School, que lhe abriu os olhos para algo “importante” como a economia.

“Protejam-se com aquilo que não tenham tido. Vão-se complementar em áreas de outros cursos que não tenham tido”, sugere Bernardo Rodrigues, que se considera ainda um “principiante” na área que abraçou.