Depois das eleições de 6 de Fevereiro, em que a única lista candidata obteve uma vitória quase unânime entre os cerca de 25 votantes, a nova direcção do Cineclube do Porto, encabeçada por José António Cunha, já começou a arregaçar as mangas.

Retomar as actividades do Cineclube e saldar as contas são algumas das prioridades. As primeiras projecções de filmes estão agendadas para Abril, em jeito de comemoração dos 65 anos. Para além disso, estão programadas sessões de formação, não só na área do cinema, mas também nos sectores financeiros e jurídicos.

“Nota-se que existe uma fragilidade muito grande a esse nível no contexto cinematográfico da região”, disse, ao JPN, o novo director. Continuar a “apoiar a produção e a exibição de cinema independente” e responder à “necessidade social” por parte da comunidade local de “cinema fora das salas multiplex” são dois objectivos.

A suposta dívida ao ICA e o espólio

Um dos pontos de partida é também o pagamento da dívida ao Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA). Questionado sobre de que forma o Cineclube pode saldar as contas, o novo director diz que, numa primeira fase, a questão ainda tem de ser avaliada.

“Caso exista a dívida, vamos assumir o pagamento”, afirma, em alusão às últimas informações dadas pela ex-directora, Brígida Velhote. Recorde-se que, de acordo com a anterior responsável, o ICA teria deixado de “considerar” que existia uma dívida.

Além disso, salienta José António Cunha, grande parte do montante que tinha sido atribuído ao Cineclube pelo ICA continua na conta da associação, já que as obras na sede nunca chegaram a ser realizadas. “Grande parte da dívida resulta de dinheiro que não foi gasto”, esclarece.

Quanto aos juros de mora que o organismo pode vir a cobrar pelo não cumprimento da remodelação das instalações, o novo presidente tem uma solução: “serão conseguidos através das actividades do Cineclube.”

No que diz respeito ao estado do espólio do Cineclube do Porto, uma questão que chegou a causar alguma polémica, o discurso do novo director vai ao encontro das palavras de apaziguamento de Brígida Velhote. “Em termos gerais, e tendo em conta o edifício [sede que alberga o acervo], o espólio está completo e em boas condições de armazenamento”, argumenta José António Cunha.

No entanto, foi estabelecido um protocolo com a Escola Artística e Profissional Árvore com o intuito de avaliar convenientemente o estado do acervo do Cineclube. “Está a ser feito um trabalho de inventarização, de catalogação por equipas profissionais”, explica o director.