Para as leituras deste ano e de 2011, o espectáculo foi aberto ao público através dos castings que decorreram durante os três últimos meses. Ao longo das provas de teste, os candidatos tinham de seleccionar um reportório de alguns poemas, declamando-os em variadas situações (ver vídeo).

A odisseia de esperança e ansiedade para cerca de 200 candidatos chegou ao fim, tendo sido seleccionados apenas 26. Na sessão desta quinta-feira são apresentados ao público oito.

Véspera de espectáculo

As sessões mensais são preparadas intensivamente e os contactos para a 100.ª Quinta de Leitura já começaram há meses. João Gesta refere que cada sessão exige bastante criatividade e que essa é colectiva: “Não é um programador iluminado sozinho que faz tudo. É um trabalho criativo mas colectivo.”

O programador sublinha a importância do empenho e dedicação, referindo que desempenhar funções de programador obriga a flexibilidade e dedicação: “Não sou funcionário público. Ser programador cultural não se compadece com esse espírito.”

Gesta reconhece que para um programador que esteja na área da literatura, é imprescindível ler muito, conhecer novas tendências e estar atento. “É sempre necessário ver como tudo vai evoluindo”, completa. A poesia torna-se o ponto de partida para outras áreas se desenvolverem através da escrita. Gesta acusa o Ocidente de sempre ter tido “uma concepção muito compartimentada da cultura”.

“Aqui nas Quintas, pensamos na possibilidade de colar coisas”, diz João. Talvez seja esta “colagem” o resultado do trabalho colectivo da equipa nos bastidores. Os espectáculos contam ainda com o esforço dos poetas, bailarinos, músicos e performers que protagonizam a força da palavra. Atribui à língua, o ponto de partida para aquilo que faz. “A língua é o nosso maior património”, conclui.