Ana Pais Oliveira estudou pintura na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP). O “bichinho” pelo mundo das artes surgiu quando os pais lhe ofereceram, aos quinze anos, um curso de pintura. Agora, depois de vencer o prémio de Pintura do “Aveiro Jovem Criador 2009”, com a obra “Inabitável #7”, tem por objectivo continuar a ganhar mais prémios.

“O meu próximo objectivo é fazer com que este ano que passou deixe de ser excepcional e passe a ser regra”, explica. Ana sabe que “atrás de um reconhecimento vem quase sempre um convite, um telefonema de alguém que quer ver melhor as obras, uma exposição, uma entrevista”.

As suas obras, conta, são espelho das suas vivências. “Pinto aquilo que conheço e experiencio, ou aquilo que imagino com base no que sei, penso e vivo, revela.

Mas a sua paixão pela arte não se confina só à pintura. Dançarina federada, Ana Pais Oliveira compete na modalidade de danças de salão há já oito anos. Um exercício que ajuda a pintora a regressar ao trabalho de mente limpa. “Enquanto danço, estou necessariamente ocupada com coisas diferentes, ou desocupada de coisas iguais, do dia-a-dia, do trabalho e do pensamento crítico em relação ao que faço.”

Descentralização lenta da cultura

Como jovem artista, Ana Pais Oliveira acredita que existem oportunidades suficientes para os artistas plásticos, oportunidades essas que devem ser agarradas. Apesar da competição e do desequilíbrio que acredita existir entre o número de artistas profissionais e as reais oportunidades para cada um deles, tem uma “visão optimista” do apoio dado aos novos artistas em Portugal. “O percurso é necessariamente difícil e entregue à nossa própria gestão”, acrescenta, salientando que, no entanto, “existem variados concursos, prémios e bienais de artes plásticas, pintura, escultura…”.

Mesmo assim, não deixa de apontar a incerteza que pauta a vida de um artista, pois nunca sabem o que estarão a fazer no mês seguinte. “A solução? Trabalhar sempre. Com disciplina e constante questionação”.

Ligada a essa incerteza surge, muitas vezes, a ideia de que é em Lisboa que surgem as oportunidades. “Ainda ouço muita gente ligada ao mundo e mercado da arte afirmar que um artista tem que trabalhar com uma galeria de arte de Lisboa, seja ele de onde for”, afirma. Apesar de não negar que “a capital continua a ser a principal atracção para os profissionais ligados ao mercado da arte”, devido à “dinamização cultural mais diversificada e atraente”, considera que já começa a ser feita uma “descentralização”. “Já se fala de descentralização há algum tempo, mas é algo que acontece aos poucos, devagar”.

Ana Pais Oliveira venceu vários prémios de pintura e recebeu diversas menções honrosas, destacando-se o 1.º Prémio Eixo Atlântico na VIII Bienal Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular 2008-2010, o 1.º Prémio Engenho e Arte – Melhor trabalho artístico nacional (2009), o 3.º Prémio no 1º Prémio Jovem de Artes Plásticas da Figueira da Foz (2009) e o 1.º Prémio Estoril Sol (2006). Foi também a única artista portuguesa seleccionada para o XIII Prémio Ibérico de Pintura “Doñana”, Almonte (Huelva), em Março de 2009.