Informar e dar ajuda imediata foram os objectivos que moveram e uniram vários utilizadores da rede social Twitter na construção e desenvolvimento de um site, ao longo da última semana, com informações sobre a catástrofe que atingiu a Madeira no sábado.

As primeiras informações sobre o que se passara no arquipélago madeirense começaram a surgir no serviço micro-blogging, Twitter. De imediato, as informações começaram a ser reunidas, dando origem a um mapa com os principais dados sobre o que estava a acontecer, conta, ao JPN, o jornalista Alexandre Gamela, um dos responsáveis pela elaboração do mapa e, posteriormente, do site.

Do mapa, surgiu o site, feito com a colaboração de Dário Ornelas, estudante de Informática, e Fernando Fonseca, empresário. “Foi uma equipa improvisada pela força e necessidade das circunstâncias, e que, por um bocado, conseguiu reunir informação que não estava ainda a ser tratada pelos meios de comunicação nacionais”, diz Alexandre Gamela.

No site, criado através de várias informações provenientes da hashtag #tempmad, constam dados de pessoas desaparecidas, do tempo previsto para a Madeira e das principais necessidades da população.

Através do site, foi possível comunicar que nove pessoas estavam bem

O trabalho desenvolvido através da rede social foi o suficiente para espalhar a mensagem acerca do que se passou no arquipélago para vários países onde existem emigrantes madeirenses, entre os quais França, África do Sul, Venezuela e Estados Unidos.

O site e as informações estão traduzidas para Inglês, trabalho realizado por Fernando Fonseca. “Foi através desta informação que, antes de qualquer meio de comunicação tradicional em Portugal, a notícia já estava na CNN e na Sky News, bem como em várias rádios na Venezuela”, explicou o empresário que diz ter conseguido, através da rede social e da divulgação de informação, “pressionar” os meios de comunicação para publicarem a notícia.

Quando questionado sobre o feedback e o impacto do portal, Alexandre Gamela explica que há “muita gente a recorrer ao site para procurar pessoas que conhecem na ilha e com quem não conseguem contactar, especialmente familiares de emigrantes e estrangeiros”.

Através do site já foi possível dar boas e também más notícias, em relação a pessoas desaparecidas. Fernando Fonseca é responsável por essa divisão no site, tendo criado um contacto de e-mail para que a população envie nomes e fotografias de familiares e amigos com os quais não consigam contactar. “Já tive a felicidade de contactar pelo menos nove pessoas a quem pude dar a notícia que os seus familiares estavam bem.”

“O que fazemos é por puro espírito de cidadania pelo que é nossa obrigação ser responsáveis e ao mesmo tempo críticos”, explica o responsável, acrescentando haver um trabalho de cruzamento das informações dadas para não criar “alertas” desnecessários.