Manuel Tur defende que dentro das artes cénicas as “fronteiras estão bastante diluídas”, o que permite ter uma visão mais global do teatro, com tudo o que esta área implica (cenários, figurinos, luz, som). É também da opinião de que essa “pluridisciplinaridade” é muito importante no “mercado de trabalho portuense”, devido ao desabrochar de novas pequenas companhias em que cada elemento tem de saber fazer um pouco de tudo.

No entanto, lamenta que dentro da ESMAE (onde coabitam a música e o teatro) se mantenha a metáfora dos “dois corredores”, ou seja, as duas áreas estão demasiado separadas uma da outra, não aproveitando da melhor maneira as potencialidades que podiam ser partilhadas.

É essa também a opinião de João Carlos, do outro corredor, que aponta alguns dos culpados pela situação. Em relação ao Conservatório, João Luís também acha que há falta de projectos multidisciplinares, dado o programa estar muito “virado para o Clássico”, principalmente numa altura em que se começa a fazer tipos de música inovadores, “em que cada vez mais se interligam diferentes áreas”.

A aluna Inês Franco, que também sente um pouco essa falta, que colmata realizando diversas actividades extracurriculares, entende que “devia haver uma escola pública em que houvesse dança, teatro, música” e onde “cada pessoa tivesse o primeiro ano geral”, podendo depois optar por uma das áreas.

A ESMAE tem um projecto para abrir também o ensino da dança no espaço da “Fábrica”, um armazém da escola que acolhe as companhias de teatro criadas maioritariamente por alunos e artistas formados por esse estabelecimento de ensino. O projecto, no entanto, ainda está a ser preparado.