Ibon Gogeaskoetxea, considerado pelo Ministro do Interior espanhol, Alfredo Pérez Rubalcaba, o número um da ETA, foi detido no passado domingo em Caen, França.

A operação da Guarda Civil espanhola e dos serviços de informação da polícia francesa levou ainda à detenção de mais dois presumíveis etarras: Beñat Aguinagalde e um outro, cuja identificação ainda não foi concluída, mas que se acredita ser Gregorio Jiménez.

Segundo o El Mundo, os três terroristas escondiam-se numa zona rural, em Caen, no Noroeste de França, quando foram surpreendidos às seis horas da manhã pela operação policial. Durante a operação policial, foi apreendido um automóvel, três armas, material para fazer explosivos, telemóveis, dinheiro, umas algemas, documentação falsa e material informático.

Estaria a ETA a preparar um sequestro?

Um dos objectos apreendidos no local da operação foram umas algemas, artigo que é não usual no modus operandi das células da organização. A edição online do El País avança, esta segunda-feira, que, segundo fontes ligadas ao Ministério do Interior de Espanha, os etarras detidos estavam a preparar o sequestro de alguém “significativo do ponto de vista social”. Segundo as mesmas fontes, o rapto dar-se-ia durante a presidência semestral espanhola da União Europeia, pelo que vários sectores políticos, judiciais e empresariais já foram alertados para o caso.

Os detidos

Ibon Gogeaskoetxe, de 55 anos, substituía o antigo líder da organização, Francisco Javier López Peña, conhecido como “Thierry”, desde Maio de 2008, altura em que foi capturado.

Ibon e o seu irmão Eneko Gogeaskoetxe eram apontados como os principais dinamizadores do atentado frustrado ao rei de Espanha, Juan Carlos, na inauguração do Museu Guggengeim de Bilbao, em Outubro de 1997. O actual líder tinha alegadamente convocado uma reunião com os outros dois membros da organização terrorista em Caen, para, segundo o Ministro do Interior espanhol, preparar um novo ataque em Espanha.

Beñat Aguinagalde, licenciado em medicina, era procurado desde que Manex Castro, Mikel Garmandia e Iraitz Santa Cruz, seus presumíveis companheiros de comando, foram detidos, em Março de 2009. Aguinalde era conhecido por ser o terrorista mais sanguinário da organização terrorista basca, já que as autoridades espanholas suspeitam que seja ele o autor dos assassinatos do socialista Isaías Carrasco e do empresário Ignacio Uría.

O terceiro detido, Gregório Jimenez, fazia parte de um dos grupos de apoio logístico da célula terrorista, actuando no transporte e entrega de material explosivo. Membro da organização desde os anos 80, Jiménez esteve várias vezes preso, inclusivamente na América Latina. Em Junho do ano passado, em Baiona, foi detido por actos violentos na zona dos Pirinéus Franceses e posto em liberdade, dias depois, por falta de provas.

Esta é a quinta detenção de membros do comando principal da organização terrorista basca, depois de nos dois últimos anos terem sido capturados “Thierry”, “Txeroki”, Aitzol Iriondo e Jurdan Martitegi.

Rubalcaba agradece a cooperação francesa, mas deixa o alerta

O Ministro do Interior espanhol, Alfredo Rubalcaba, agradeceu às forças de intervenção espanholas e francesas e congratulou-as pelo êxito da operação. Rubalcaba afirmou aos jornalistas, numa conferência de imprensa dada, este domingo, no Ministério, que os últimos 60 dias se tratam dos “piores meses” da história da ETA, com 32 detenções e a apreensão de quase dois mil quilos de explosivos.

Segundo a Reuters, o ministro salientou que a colaboração com a polícia portuguesa e o desmantelamento da suposta célula da ETA em território português terá sido um marco fundamental na luta contra o terrorismo. Acerca da coordenação das polícias francesa, portuguesa e espanhola, e referindo-se à ETA, o ministro afirmou que “movam para onde se movam, vão ter sempre polícia em cima”. Apesar de tudo, Rubalcaba frisou que é necessário estar-se “sobre alerta”, já que a “ETA tem as piores intenções”.