Pode estar próximo um novo tratamento para a doença de Alzheimer e, também, para o cancro. Um grupo de investigadores da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, liderado por Mariana Sottomayor (do Instituto de Biologia e Medicina Celular / Instituto de Engenharia Biomédica) e por Paula Andrade (do laboratório associado REQUIMTE), descobriram uma substância com potencial terapêutico no combate ao Alzheimer numa planta.

A investigação centrou-se na Vinca, uma planta de jardim vulgarmente conhecida como “alegria”, onde foi descoberta a “serpentina”. A importância deste composto centra-se na capacidade de exercer “uma actividade maior, mais elevada e mais potente do que os compostos que normalmente são utilizados neste momento no tratamento da doença de Alzheimer”, revela, ao JPN, Mariana Sottomayor.

A Vinca, originária de Madagáscar, já era utilizada desde os anos 60 do século passado para “extrair compostos que são utilizados na quimioterapia do cancro”, explica a investigadora. No entanto, geram-se muitos desperdícios da planta, uma vez que são necessárias toneladas de partes aéreas (flores, folhas e caule) para se extraírem alguns miligramas de substâncias úteis, o que torna o processo de cultivo e extracção de substâncias complexo, acrescido de elevados custos.

A equipa de investigação decidiu, então, debruçar-se sobre a raiz, que normalmente é esquecida. Ao descobrir novos compostos, nomeadamente a “serpentina” consegue-se rentabilizar a planta. Para a investigadora, trata-se de uma oportunidade de desenvolver “um fármaco de facto eficaz, [o que] pode interessar muito a empresas farmacêuticas” devido ao aproveitamento de todo o potencial da planta.

O estudo que apresenta estas conclusões foi publicado na revista científica Phytomedicine. “Este é o estudo seminal, aquele que mostra que realmente há aqui uma molécula muito interessante a que se pode chamar um pro-fármaco” e que pode contribuir para o desenvolvimento de estudos sobre as potencialidades da planta, entende.