A propósito do tema “As ideias republicanas e o seu impacto nos direitos das mulheres”, Beatriz Pacheco Pereira esteve, esta segunda-feira, no Piolho, onde afirmou veementemente que “a República não funciona” já que, cem anos depois, ainda “há injustiças para com as minorias”.

Na opinião da fundadora do Fantasporto e membro do Conselho Geral da Universidade do Porto, é “ridículo” que o “facto gravidez” gere menos emprego, precariedade e salários mais baixos. “A mulher ainda está a conquistar terreno aos bocadinhos.” Afirmando ter conhecimento de causa, Beatriz Pacheco Pereira salientou, no entanto, que para a sociedade actual, “o mérito das mulheres no plano intelectual é sempre mais interessante quando há um homem ao lado”.

Beatriz Pacheco Pereira apontou vários contextos profissionais em que o género é ainda motivo de discriminação. A música clássica, o teatro, as artes plásticas e o jornalismo foram algumas das áreas apontadas como problemáticas.

A especialista em cinema considera de grande gravidade os casos de violência para com as mulheres, um problema que, diz, tende a agudizar-se com a crise económica, uma vez que a mulher é “a vítima que está mais à mão”.

Para todas estas questões de discriminação e maus-tratos foram apontadas causas como os valores – “ou a falta deles” – disseminados pela comunicação social ou os erros na educação das crianças e jovens pelas escolas. “Os alunos batem-se alegremente, enquanto os professores perdem autoridade”, referiu a oradora, acrescentando que “estes jovens estão a preparar-se para mais tarde baterem nas mulheres”.

“A mulher com deficiência nem sequer é vista”

Se as mulheres são uma minoria, Lia Ferreira, arquitecta portadora de deficiência motora, referiu fazer parte de “uma minoria em minoria”. “Se a mulher é vista como um ser frágil, a mulher com deficiência nem sequer é vista”, afirmou a jovem.

O debate de ideias terminou com a constatação de que há uma certa apatia entre as mulheres. “Espero que toda a gente seja capaz de valorizar o seu talento”, referiu Beatriz Pacheco Pereira. E, em jeito de conselho, apelou: “Lutem, andem para a frente e não se deixem ficar.”

Esta foi a primeira do ciclo de quatro conferências sobre o tema “A República; O conceito de Liberdade e os dos Direitos das Pessoas e das minorias que o Piolho vai receber. As comunicações realizam-se no âmbito da comemoração dos cem anos da República.