No dia em que muitos estudantes se manifestaram em frente à Assembleia da República para mostrarem o seu descontentamento relativamente às bolsas de investigação, o JPN foi analisar a situação da atribuição das bolsas aos alunos da Universidade do Porto.

O ano já vai a meio mas quase mil estudantes ainda não sabem se terão direito a bolsa.
Este ano, o número de candidatos aumentou. No entanto, a esse aumento de candidaturas não houve o correspondente aumento de bolsas atribuídas. Dos 7263 candidatos a bolseiros, apenas 4278 acabaram por receber ajuda para pagar as propinas. Uma diferença significativa relativamente ao ano passado, onde o número de candidatos era de 6640 e foram atribuídas 4862 bolsas.

Estudantes manifestam-se em Lisboa

Pelas 17h00 de hoje, a Associação de Bolseiros de Investigação Científica (ABIC) e muitos estudantes manifestam-se em frente à Assembleia da República. O protesto tem por objectivo conseguir a aprovação de um novo estatuto do bolseiro de investigação. Os investigadores, que dependem das bolsas para desenvolver os seus trabalhos, mostram-se preocupados com a sua situação profissional, que não é abordada pelo Orçamento de Estado. Do Norte seguiu um autocarro com cerca de cinquenta alunos do Porto e Coimbra, que se juntaram à manifestação.

João Carvalho, administrador dos Serviços de Acção Social da Universidade do Porto, explica que este ano não houve um aumento na atribuição de bolsas porque “a má situação económica não permite”. Perante a não atribuição da bolsa, os estudantes podem recorrer a outros meios como residências ou as próprias cantinas, sublinha o administrador.


“Tento não pensar se a bolsa não me for atribuída”

Se a má situação económica não permite o aumento do número de bolseiros, a situação agrava-se para os estudantes com mais dificuldades financeiras. Assim são as Associações de Estudantes que acabam por ter um papel preponderante na ajuda aos alunos.

A Associação de Estudantes da Faculdade de Letras (AEFLUP), para responder às dificuldades, está a criar organismos para angariar dinheiro. Cecília Gomes, chefe do departamento de Acção Social da AEFLUP, disse ao JPN que a associação está a “criar uma Comissão de Apoio” e a elaborar “regulamentos de fundos de Acção Social”. No entanto, dificuldades principalmente logísticas têm atrapalhado a implementação destas iniciativas.

Catarina Mesquita, estudante do curso de Ciências da Comunicação, é uma das candidatas que continua à espera do resultado da atribuição da bolsa. O seu processo está diferido pela falta de um papel que Catarina diz ter entregue.

Para a aluna, a bolsa serve apenas para pagar os estudos e, por isso, ainda não se sente preocupada pelo atraso no seu processo. No entanto, a preocupação aumenta no caso da não atribuição da bolsa, pois terá dificuldades em pagar as propinas. “Tento não pensar se a bolsa não me for atribuída. Teria de pedir ajuda aos meus avós”, lamenta.