Saint-Étienne pode estar a acordar para novos caminhos, mas não esquece as suas heranças de sempre. O Museu da Mina e o Museu da Arte e da Indústria são dois bons exemplos de conservação do património e da herança cultural.

A primeira mina electrificada em França é hoje um dos museus mais característicos de Saint-Étienne. Aberto em 1991, é um regresso à realidade da extracção de carvão entre 1850 e 1973. O realismo é tanto que já foi cenário de filmes (Le Brasier, 1991). Tudo por causa da “Sala dos Pendurados” que, apesar de provocar suores frios, nada tem a ver com morte ou outros gélidos destinos. Era simplesmente a engenhosa forma que os mineiros tinham de deixar a roupa a secar: no tecto, suspensa em correntes, para secar mais depressa.

Informações:

– A melhor forma de chegar ao Museu da Mina é por autocarro. Basta apanhar o n.º 03 Michon – Terrenoire e sair na paragem Musée de la Mine.
– A melhor forma de chegar ao Museu da Arte e da Indústria é apanhar o eléctrico n.º 4 (Solaure – Hospital Nord) e sair na paragem Victor Hugo. Os bilhetes custam entre 3.70€ e 5.80€.

Munidos de capacetes, os visitantes percorrem as galerias onde o carvão era extraído. Sobem de elevador, vislumbram as picaretas, imaginam o ressoar dos contentores nos carris que tantas vezes vitimavam trabalhadores. Na sua época dourada, esta mina chegou a empregar duas mil pessoas, entre as quais se contavam alguns portugueses.

Já no Museu da Arte e da Indústria cabem três museus – um dedicado às armas, outro às fitas têxteis e ainda há espaço para a mostra de bicicletas de todos os tempos. “Representam a história da cidade”, afiança a guia, a dada altura da visita.

Hoje, só existem 20 casas a produzir fitas, na sua maioria, sintéticas. Mas tempos houve que existiam cerca de 200 casas só na localidade. Os passementiers (aqueles que operavam os teares) tinham as grandes máquinas em casa e produziam para os patrões. Agora, todas as semanas, os antigos trabalhadores vêm mostrar ao público como é que os gigantescos teares funcionam.

Entre uma arma de Napoleão, uma pistola dos mosqueteiros e uma Verney-Carron para caça – o único tipo de armamento que ainda hoje é fabricado em Saint-Étienne – conta-se a história das armas de guerra e caça. Há mosquetes, estojos de duelos, carabinas, Kalashnikov e Flash Ball. E, talvez para desanuviar o ambiente, exibem-se armas customizadas por artistas e, até, o “Trono de Fernando Pessoa“, por Gonçalo Armando Mabunda.

Por último, as bicicletas, os monociclos, os velocípedes. Temos a Draisina de 1820 e a primeira bicicleta francesa, que foi fabricada, em 1886, em Saint-Étienne: a Gauthier. E para quem gosta de emoções fortes, sempre pode experimentar correr num protótipo de monociclo que, felizmente, não sai do sítio.