Quando Cristiana Gonçalves escolheu Saint-Étienne para fazer Erasmus não esperava encontrar uma cidade “turística”, tão “bem organizada e pacata”. “Não é uma cidade de estudantes por excelência”, conta, ao JPN, a estudante da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP), no rescaldo da experiência de seis meses.

Talvez por isso tenha surgido aquela que foi, talvez, uma tentativa de agremiação de estudantes portugueses nesta cidade, situada no centro-este de França, a 60 km de Lyon. A Maison Portugaise, como a chamavam, reuniu os cinco portugueses em Erasmus no último semestre em Saint-Étienne. Todos os dias, a Maison recebia amigos de toda a Europa em busca de dois dedos de conversa ou de alguma diversão.

Como ir:

Desde 6 de Setembro que a Ryanair viaja para Saint-Étienne. Há quatro viagens por semana entre o Porto à cidade francesa, sempre às quartas, com partida do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, às 10h10, e de Saint-Étienne, às 13h10, e aos domingos, com partida do Porto às 13h15 e, de Saint-Étienne, às 16h15. Voos a partir de oito euros (taxas e encargos incluídos) se forem adquiridos entre esta sexta-feira (12 de Março) e terça-feira (16 de Março) para viagens em Abril e Maio (períodos excluídos: de 29 de Abril a 4 de Maio e de 27 a 31 de Maio). À chegada, um autocarro faz a ligação ao centro da cidade por cerca de dez euros. Uma outra hipótese é a empresa Établissements Bénier, que proporciona um motorista para qualquer travessia.

“A característica mais forte da vida Erasmus é, sem dúvida, o convívio nas casas. Nunca ninguém está só e toda a gente se sente em casa mesmo não estando na sua”, conta a finalista de Design de Comunicação.

E é precisamente deste “convívio” dentro de portas, mas sempre de janela aberta para a comunidade, que a cidade se constrói. Ligada por duas linhas de eléctrico muito eficazes, Saint-Étienne está a crescer, ao conseguir atingir uma harmonia entre as suas tradições e a contemporaneidade. Já não é uma típica cidade mineira ou o berço da indústria de seda ou das armas. Hoje procura outros lugares.

O design e a arte contemporânea

Temos o Zénith, assinado pelo premiado arquitecto Norman Foster, uma ogiva branca em plena cidade; o Museu da Arte Moderna, que promete parcerias com Serralves; ainda a Cidade do Design, o único centro dedicado especificamente ao design em França, que hoje em dia promove a Bienal Internacional de Design. E, nos arredores, Firminy, localidade com quatro grandes obras do imortal arquitecto Le Corbusier.

Porém, não esquecemos o património com o Museu da Mina, que nasceu da primeira mina electrificada em França, onde chegaram a trabalhar duas mil pessoas. E o triplo Museu da Arte e da Indústria, que conta a história das três grandes áreas económicas da cidade – as armas, as fitas de seda e as bicicletas.

Bem perto há a opção de percorrer o vale do Loire, visitar o castelo da Bâtie d’Urfé ou a pequena vila de Saint-Jean-Saint Maurice. Escutar o chilrear dos rouxinóis ao vislumbrar o leito do mais longo rio de França. Pernoitar em castelos ou em pousadas de charme, degustar mil e um queijos e outros tantos vinhos. E aproveitar para conhecer Charlieu, uma pequena vila com quatro mil habitantes, em que, por vezes, julgámos que resgatámos o tempo.

Depois, as surpresas. A neve e o chocolate Weiss. O carrossel em plena praça ou a Bouquinerie Tropique. Os dois hotéis irmãos, herança de cavaleiros e viajantes. Tudo a duas horas de distância.