Na sala de conferências do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP) o projecto “Pôr os doentes em primeiro lugar” deu, esta terça-feira, os primeiros passos. Segundo explicou ao JPN Paula Silva, coordenadora da acção, a iniciativa visa “chegar a respostas compreensíveis, inteligíveis e sólidas para as questões dos doentes” de cancro, simplificando a linguagem que muitas vezes os impede de perceber realmente a doença de que padecem. O projecto centra-se fundamentalmente nas áreas de maior incidência do cancro: mama, próstata, pulmão, cólon e esófago/estômago.

“É fundamental que cada parte exponha a sua perspectiva do problema para se chegar a pontos de intercepção”, referiu a coordenadora do projecto, salientando a importância de promover reuniões entre os diferentes intervenientes na “doença”. “A principal conclusão a que chegamos hoje é que temos de promover mais reuniões”, declara.

O plano de actuação, a longo prazo, passa pela criação de um glossário a anexar a cada relatório anatomopatológico e de um site para dar resposta às dúvidas mais frequentes daqueles que são afectados pela doença.

Para já, e para tornar o projecto possível e a actuação “consistente”, é necessário “um levantamento exaustivo e fiável” das perguntas que os doentes querem ver respondidas. Esta foi, segundo garante a coordenadora do projecto, “apenas a primeira de muitas reuniões” entre especialistas.

“Não há doenças, há doentes”

Procurar novos parceiros e diversificar a área de conhecimentos dos especialistas presentes nestes encontros são propósitos do “Pôr os doentes em primeiro lugar”.

A patologia é, segundo Paula Silva, apenas uma das vertentes da doença. “Não há doenças, há doentes”, referiu a socióloga ilustrando a necessidade de diversificar os intervenientes nas reuniões a realizar. “Os médicos de família são a primeira face com que o doente lida, por isso devem também estar presentes nestes encontros”, salientou.

Quanto à forma de captar novos parceiros entre as associações de doentes, a coordenadora do projecto afirma que “a ideia é isto funcionar como uma bola de neve”.”Estou certa de que mesmo sem procurarmos as pessoas virão ter connosco”, rematou.

Paula Silva refere, ainda, que “o projecto não pretende esgotar-se brevemente”, até porque é necessária uma constante actualização de respostas, de acordo com o ritmo de evolução da tecnologia e das próprias patologias. Outra das perspectivas para o futuro do projecto é alargar a acção a mais tipos de cancro, assim como a doenças degenerativas e crónicas.