Antes que chovam acusações convém referir que esta crónica não tem nada de machista, nem é, tão pouco, contra quem não percebe o fenómeno do avançado encontrar-se atrás da linha da bola ou antes dos dois últimos defensores da equipa adversária.

As regras às vezes podem ser confusas, tanto para quem as percebe, como para quem as estuda e aplica (ou tenta) dentro das quatro linhas. Com duas equipas à mistura, cada uma a puxar para seu lado, a terceira (a tal do apito, que agora tem número variável de elementos conforme as competições e pode, ou não, vir a ser automatizada em nome da “verdade desportiva”) não consegue acertar sempre, e em questões de um pé à frente da linha virtual marcada num qualquer canal, é humanamente impossível acertar; portanto também não trata disso.

Poderiam, os mais afoitos, pensar que seria a análise a avançados como Liedson, Inzaghi (por largos anos o melhor do mundo neste particular) e Lisandro, atletas que se movimentam na linha bamba entre o legal e o fora de jogo, num bailado entre a dúvida dos defesas de braço estendido no ar a reclamar a ajuda do “bandeirinha” e a certeza de estar sozinho na cara do golo; mas estariam enganados pois vou deixar esse tipo de análises para outras alturas e situações mais propícias.

A questão é outra e muito mais simples de ser analisada, sem pretensiosismos nem clubismos. O Expresso online fez título com uma declaração de Vítor Pereira: “Nem me lembro se estádio do Algarve tem túnel”. Uma alusão clara do presidente da Comissão de Arbitragem aos incidentes que ocorreram no Estádio da Luz no túnel. Logo, fora de jogo.

A frase é bem “tirada” e a citação tem piada, não fosse Vítor Pereira adiantar que o problema no túnel “foi um episódio fugaz, foi a excepção, não é a regra, a regra é que as pessoas têm uma boa relação e é certamente isso que vai acontecer”.

Em primeiro lugar: O investimento no Estádio do Algarve foi realmente um desperdício de dinheiro público, já que nem o próprio presidente da Comissão de Arbitragem lembra-se da infraestrutura de Faro-Loulé.

Em segundo e mais importante: as pessoas em questão (Porto e Benfica) têm tão boas relações como a água e o azeite, ou seja, nunca se misturam, quando se juntam um fica sempre por cima do outro e os resultados disso nunca são bons.

A analogia pode não ter sido a mais feliz mas a verdade é que Porto e Benfica só ficam bem na mesma frase se forem referidos como adversários (usando um eufemismo). Para além disso, Vítor Pereira não se deve lembrar de outros casos de túneis desta época e de outras épocas que fizeram muita tinta escorrer pelas impressoras deste país.

A frase de Vítor Pereira até foi bem “tirada” e teria piada se o Benfica não fosse o Benfica e o Porto não fosse o Porto, ou seja, Vítor Pereira foi, uma vez mais, muito infeliz.