O primeiro piso da Livraria Leitura, no shopping Cidade do Porto, acolheu, sexta-feira, o lançamento do livro vencedor do Prémio Leya 2009. “O Olho de Hertzog”, de João Paulo Borges Coelho, foi apresentado por Salvato Trigo, que descreveu a obra como “uma tentativa bem sucedida de nos fazer viajar no tempo”.

“Tem o sabor a Índico, a Moçambique, a Oriental”, acrescentou o reitor da Universidade Fernando Pessoa. A obra trata-se de um romance policial que conta a aventura de um oficial alemão (Hans Marenholz), em Moçambique, no pós 1.ª Guerra Mundial. É um livro que, diz Salvato Trigo, “ensina cultura, história e política”, servindo-se das características do romance policial. Nota-se a “escrita de historiador que consegue reescrever a história através da ficção”, considerou.

O autor:

João Paulo Borges Coelho nasceu no Porto, em 1955, mas adquiriu nacionalidade moçambicana. É historiador. Ensina História Contemporânea de Moçambique e África Austral na Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo, e, como professor convidado, no Mestrado em História de África da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Tem-se dedicado à investigação das guerras colonial e civil em Moçambique.

Salvato Trigo não deixou ainda de enaltecer a “qualidade estrutural” da obra, falando de uma “escrita substantiva” conjugada com um a forma cuidada. “Fazer um romance é saber contar uma história cativando o leitor. João Paulo Borges Coelho soube fazê-lo.”

A “viagem da escrita”

João Paulo Borges Coelho foi mais parco nas palavras, mas aproveitou para tornar mais claro o processo criativo da obra. O autor explicou porque se debruça sobre o Índico, e do que partiu para a escrita do livro. “Parti de várias impressões ao mesmo tempo, para chegar a um ponto só”, referiu, acrescentando que “foi antes de mais uma viagem interior”.

O escritor e historiador nascido no Porto revelou que, para escrever o livro e “fazer sentir a África Austral do 1.º quartel do século XX”, documentou-se com a leitura de diários e de jornais da época.

João Paulo Borges Coelho terminou com um apelo, não para que leiam o seu livro, mas para quem que o leia se divirta tanto quanto ele se divertiu na “viagem da escrita”.