Dez anos depois do início dos esforços da Associação Portuguesa de Nutricionistas (APN) para a criação de um mecanismo para a “auto-regulação e autodisciplina da actividade dos nutricionistas”, esta sexta-feira vai “ser votada na generalidade a criação da Ordem dos Nutricionistas”, refere, ao JPN/Parlamento Global, fonte da associação.

Para a directora da APN, Alexandra Bento, é urgente a criação da Ordem dos Nutricionistas. Actualmente, não há nenhum estatuto que regule a profissão e há cada vez mais profissionais no activo.

Ao JPN/PG, a responsável salienta que, já em Janeiro de 2009, foi realizado um “estudo idóneo e independente”, que “faz a caracterização socioeconómica dos profissionais e revela em que sectores estão presentes”, justificando a criação deste organismo. “Muitos trabalham em clínicas e hospitais, mas é uma profissão em crescendo no sector liberal e só por ai já demonstra e necessidade de criação desta Ordem.”

“Mais de cinco milhões de portugueses sofrem de pré-obesidade, é o maior problema de saúde pública e aqui os nutricionistas são o profissional por excelência.” Assim, é necessária uma “disciplina, um código deontológico de maneira a punir quando há mau desempenho” por parte dos profissionais.

APN com futuro incerto

A questão da formação está também presente nesta discussão. Alexandra Bento salienta que cada vez há mais “cursos ‘rápidos’ que prometem criar formação nesta área, até por telefone” e há “muitos indivíduos a desempenhar indevidamente a profissão, não estando instituído quem pode desempenhar este papel”. “É uma preocupação muito grande para a saúde do indivíduo.” Porém, segundo critérios estabelecidos pela Ordem, outras licenciaturas – que não a de Ciências da Nutrição – podem viabilizar o exercício da profissão.

A Associação Portuguesa de Nutricionistas tem agora um futuro incerto. Se a Ordem for aprovada, a APN “pode continuar a existir”, pois “nada está decidido”. No entanto, os “seus associados podem considerar que a APN pode deixar de ter sentido, o que pode resultar numa extinção ou transformação”, evidencia a directora.

“O que está em cima da mesa no momento é que a Ordem dos Nutricionistas venha a ser uma realidade e que cumpra o seu objectivo de regulamentar e regular a bem do interesse público”, sabendo-se já que o apoio a este novo mecanismo é “transversal a todos os grupos parlamentares”, que têm “uma grande sensibilidade com esta questão”.