Alunos do ensino básico e secundário assinalaram, hoje, quarta-feira, o Dia do Estudante com manifestações por todo o país. Reivindicam a introdução de educação sexual no plano curricular e contestam a existência de exames nacionais, a privatização das escolas e o estatuto do aluno, que é revisto, esta sexta-feira, na Assembleia da República.

Na Avenida dos Aliados, no Porto, juntaram-se algumas dezenas de alunos da Escola Secundária Almeida Garrett (Gaia), Escola Secundária João Gonçalves Zarco (Matosinhos) e Escola Secundária Alexandre Herculano (Porto).

Maria Silva, aluna da Escola Secundária Almeida Garrett, veio para a rua expor a sua revolta. A estudante considera crucial uma “educação justa, igual, democrática” e é, por isso, necessário que haja alterações no ensino. Encara os exames nacionais como uma “barreira no acesso ao ensino superior”. O preço dos livros de apoio às aulas e dos almoços nas cantinas são constituem outros obstáculos. “São muito caros, nem todos podem ter acesso.”

Nicole Santos veio da Escola Secundária João Gonçalves Zarco. A aluna vê o regime de faltas como algo “absurdo” e as aulas de substituição como uma “máscara da falta de condições nas escolas para os estudantes passarem os tempos livres”. Desta forma, a aluna considera que as leis do ensino estão a atribuir às escolas “um papel de exclusão, ao invés de inclusão”, factor defendido pelos alunos.

O protesto do dia de hoje resultou do Encontro Nacional das Associações de Estudantes do Ensino Secundário e Básico (ENAEESB) realizado a 20 de Fevereiro.

Intimidação aos alunos do ensino secundário

Maria Silva, aluna da Escola Secundária Almeida Garrett, refere ao JPN que existem muitos alunos que foram “intimidados [pelos professores] por divulgarem a manifestação” de hoje. A aluna diz já ter recebido “três cartas do Governo Civil” e relata situações em que foram “apreendidos documentos e arrancados cartazes” nas escolas secundárias.

As Associações de Estudantes recebem, também, “muita pressão dos conselhos directivos para não saírem a rua”, afirma. Condições que a aluna expressa como uma “série de entraves à democracia nas escolas”.

Para além das escolas secundárias presentes na manifestação, também a Escola E.B 2,3 Irene Lisboa, no Porto, deveria estar presente. Maria Silva diz que os alunos se viram impedidos de sair da escola “pelo conselho directivo”.

Contactada pelo JPN, a directora-adjunta da Escola E.B 2,3 Irene Lisboa, Fernanda Cristina, afastou as acusações, ao afirmar que os alunos apenas “não saíram da escola porque não tinham autorização dos encarregados de educação”.