“Há muito tempo que nos é negada esta faculdade”, clama Alexandre Santos, presidente da Associação de Estudantes (AE) da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto (FCNAUP). Foi este o motivo que levou dezenas de estudantes a manifestarem-se hoje, quarta-feira, Dia do Estudante, reivindicando a construção de uma faculdade que esperam há mais de 30 anos.

O encontro estava marcado para o meio-dia na sede da Associação de Estudantes. Com o aproximar da hora os alunos foram chegando e os membros da AE distribuíram tijolos pelas dezenas de estudantes, pois o objectivo era, afinal, “construir simbolicamente” a faculdade, como explicou, ao JPN, Alexandre Santos. “Já temos os tijolos. Só falta a vontade política”, referiu o presidente, dando início à manifestação. Os alunos marcharam desta forma até ao terreno onde vai ser construída a nova faculdade e lá colocaram os tijolos, bem como o projecto da obra em maquete.

Na tentativa de “mostrar à comunidade” a revolta e “alertar as entidades competentes”, os estudantes demonstraram, desta forma, a “insatisfação” sentida. Sandra Araújo, estudante da FCNAUP, admite que não sabe se a acção vai ter algum “resultado” prático, mas “não custa nada tentar”. A manifestação contou ainda com a participação de alguns professores que acompanharam os alunos.

Obras não avançam por “falta de dinheiro”

Há ano e meio que os estudantes de Ciências da Nutrição e Alimentação têm aulas na Faculdade de Engenharia. Viram-se obrigados a abandonar os edifícios pré-fabricados onde estavam, devido às obras na Faculdade de Medicina. Sem instalações próprias esperam o começo das obras, já que o projecto está concluído desde 2003 e já possuem terreno para a nova faculdade.

De acordo com Alexandre Santos, os argumentos apresentados pelas entidades responsáveis, para o facto das obras ainda não terem começado prendem-se “basicamente” com a “falta de dinheiro”. Justificação que os estudantes não compreendem: “Esta faculdade apenas esta orçamentada em cinco milhões de euros e a Universidade do Porto já tem autonomia, agora que é fundação, para fazer a construção”, refere o presidente da AE.

A agravar a situação estão as actuais obras da Faculdade de Medicina, Farmácia e ICBAS. “O que nos deixa mais entristecidos é sem dúvida o facto de todas as unidades orgânicas da Universidade do Porto terem instalações novas”, como explica Alexandre Santos. “Apenas nós ficamos para trás”. Jacinta Correia, estudante da FCNAUP, concorda e diz não compreender a falta de instalações, já que pagam propinas como “os outros estudantes”. “Estamos há 30 anos em pré-fabricados e somos a única faculdade pública do país sem instalações”, explica.