Os problemas com a alimentação são uma das grandes preocupações deste século. Tudo começou nos anos 80, em que a maior oferta alimentar e o maior poder de compra proporcionaram um maior leque de escolhas. Se até então existiam situações de fome e privação, a partir daí observou-se o oposto, nos países mais desenvolvidos.

Um estudo epidemológico intitulado “Alimentação e Estilos de Vida da População Portuguesa”, realizado pela Sociedade Portuguesa de Ciências da Nutrição e Alimentação (SPCNA) e citado segunda-feira pelo jornal Público, procurou saber como andam os hábitos dos portugueses e concluiu que as mulheres estão a vencer a obesidade. O cuidado com a alimentação e o aumento da actividade física são alguns dos factores que contribuíram para este resultado.

O estudo, que avaliou mais de três mil portugueses adultos e mostrou que mais de 60 por cento dos homens têm excesso de peso, concluiu que, apesar de as mulheres estarem a vencer a obesidade, só há mulheres magras nas faixas etárias mais jovens.

As regiões de Portugal mais afectadas por este problema são os Açores, o Alentejo e a Madeira. Por outro lado, as regiões com maiores níveis de actividade física são Lisboa, Algarve e Alentejo. O estudo revela, ainda, que é no Norte que se encontra a maior percentagem de homens pré-obesos e de mulheres com peso normal. A investigação vai continuar, desta feita com um estudo dirigido às crianças e jovens.

Dieta mediterrânica previne depressões

Mas os benefícios de uma alimentação saudável não se ficam só pela prevenção e combate à obesidade. Para além da saúde física, a saúde mental também pode ser beneficiada por uma dieta equilibrada. Em 2009 foi publicado um estudo, fruto da pesquisa de quatro anos de um grupo de investigadores de Las Palmas e Navarra, em Espanha, que revelou que aqueles que seguiam a dieta mediterrânica apresentavam menos probabilidade de depressão.

O estudo, que analisou mais de dez mil pessoas, concluiu também que a dieta mediterrânica reduz 9% das mortes por doenças cardiovasculares, 13% de incidência de Parkinson e Alzheimer e 6% de casos de cancro. O ensaio, publicado no Journal of American Medical Association, demonstrou que o consumo de azeite melhora a recepção de serotonina (presente em medicamentos como o Prozac), e que o consumo de Ómega3 é benéfico para o sistema nervoso.

Num tempo em que a “fast-food” está ao alcance de qualquer um, o estudo deparou com um facto relevante: os portugueses continuam a ser os segundos maiores consumidores de sopa da Europa, logo a seguir aos holandeses.