A equipa de investigação do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) e do Instituto Hospitalar do Porto (CHP), que já trabalha em conjunto desde 1998, conseguiu, agrupar, pela primeira vez, os sinais e sintomas que podem estar na origem de um acidente neurológico mais grave.

Ao JPN, a investigadora Carolina Costa e Silva refere que a descoberta é muito importante no caso do AVC, pois quanto mais cedo for feito o prognóstico e forem identificados os sintomas, “mais tempo de vida o paciente terá”.

O estudo revelou que, todos os dias, 53 portugueses sofrem o primeiro acidente neurológico transitório. Destes, cerca de 70% apresenta uma baixa probabilidade de ter um AVC, enfarte miocárdio ou morte vascular nos sete anos seguintes após o acidente neurológico. Esta variação tem a ver com características como a etiologia e localização de cada doente, que foram definidas pela equipa como meio de classificar os sinais e sintomas.

“Foi calculada a incidência em cada grupo de acordo com as características demográficas dos doentes: idade, sexo, área de residência (urbana ou rural) e factores de risco vascular, como a hipertensão arterial, doença cardíaca prévia, hipercolesterolémia e consumo de tabaco e álcool”, refere Carolina Costa e Silva.

Isto significa que a análise de características como a localização e o quadro clínico anterior do doente pode prever e prevenir o ataque.

Reconhecimento de Ana Jorge foi “muito gratificante”

O estudo incidiu sobre os doentes que tiveram pela primeira vez um sintoma/sinal neurológico transitório. Os doentes foram observados durante três, doze meses e sete anos após o primeiro registo. Tendo em conta este período de sete anos, os resultados fazem referência às circunstâncias de início do problema, aos eventos vasculares e/ou à morte do paciente.

O estudo, que teve por base a dissertação de mestrado em Saúde Pública de Assunção Tuna, já foi reconhecido pela Ministra da Saúde, Ana Jorge. Para Carolina Costa e Silva, este reconhecimento “foi muito gratificante”, pois mostra que Ana Jorge “está atenta e reconhece que é importante fazer esforços no sentido de mudança nesta área dos acidentes vasculares cerebrais”. A investigadora do ICBAS refere, também, a importância do estudo para a saúde pública referindo que a população “pode beneficiar com os conhecimentos mais actualizados”.

A investigação recebeu o Prémio da Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa que reconheceu a mesma “pela importância para o progresso da Medicina”.