Ensinar Português aos alunos de Erasmus através do Second Life é o objectivo do projecto SLES (Second Language for Erasmus Students), desenvolvido por Ricardo Cruz, professor de Português e Inglês, e Ricardo Fernandes, sociólogo.

A ideia surgiu nas aulas de “Novos Media” do mestrado de “Estudos de Media e Jornalismo”, no curso de Ciências da Comunicação da Universidade do Porto. Utilizando a ilha da Universidade do Porto no Second Life, os alunos Erasmus vão poder criar avatares para aprender a língua.

Para Paulo Frias, o professor que coordenou esta iniciativa durante as aulas, este “é um projecto inovador” porque, “apesar de já existirem imensos projectos para ensinar a língua portuguesa a alunos Erasmus, é a primeira vez que isto vai ser possível no Second Life”.

Segundo Ricardo Cruz, os pontos fortes da iniciativa são “a interactividade que a aprendizagem permite, permitindo explorar os conteúdos a assimilar, de uma forma muito mais dinâmica, interactiva e lúdica”. Isto resulta numa “forma de aprendizagem menos imposta e mais explorada pelo próprio aprendiz da língua”.

Para já, o SLES “ainda se encontra numa versão beta“, diz Ricardo Fernandes, o outro autor, sendo que é necessário melhorar ainda alguns aspectos. Como tal, ainda não é possível precisar quando é que a iniciativa estará disponível no Second Life. Para o programa avançar, o grupo precisa, para além do reconhecimento dos alunos de Erasmus, do reconhecimento académico.

Apresentação do projecto no Canadá

Apesar de o projecto ainda estar numa fase inicial, já existem várias pessoas e órgãos académicos a acreditar neste propósito. Exemplo disso é o convite que Ricardo Cruz e Ricardo Fernandes receberam para apresentar a iniciativa na “Canada International Conference on Education” (CICE-2010), uma conferência sobre educação que se realiza em Abril, em Toronto, no Canadá.

Nessa conferência vão estar presentes nomes importantes do meio académico, vindos um pouco de todo o mundo. Outro feedback positivo que o projecto recebeu foi durante a semana da Mostra da Universidade do Porto, onde obteve maior visibilidade e despertou a curiosidade dos visitantes, que concederam críticas positivas aos autores.

Paulo Frias afirma que, apesar da ideia ter partido exclusivamente dos alunos, se sente orgulhoso. “O Second Language for Erasmus Students pode dinamizar a ilha da Universidade do Porto porque este programa, sendo uma novidade, não será apenas visto e utilizado por alunos Erasmus, mas também por outras pessoas que tenham interesse nas novidades do Second Life.”

Os autores asseguram ainda que o ensino da língua vai estar vinculado à aprendizagem da cultura portuguesa, para que seja o mais próxima possível da realidade: “Um utilizador pode estar a aprender a dizer ‘Está frio’, enquanto está na Ribeira, a ver o Rio Douro.”