Na comemoração do 21.º aniversário, assinalado na segunda-feira, dia 19 de Abril, o Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP) apresentou o trabalho desenvolvido pelo centro no ano anterior em diversas instâncias nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP). As investigações dividiram-se em duas áreas distintas, uma na área da patologia e outra na genética populacional.

A UP e os PALOP

Dos PALOP e, também, do Brasil estão a trabalhar no IPATIMUP, 30 a 40 investigadores. Mas esta relação de cooperação entre a Universidade do Porto e os PALOP não se fica só pelo Centro de Investigação: ao todo, estudam na Universidade do Porto 312 alunos oriundos dos países africanos de expressão portuguesa.

Uma das mais importantes descobertas na área da patologia apresentada por Leonor David, médica patologista, está relacionada com as lesões da mucosa gástrica em Portugal. Apesar de os resultados serem “preliminares”, como afirma a médica, os números revelam que, apesar de Portugal e Moçambique apresentarem números semelhantes na população infectada com helicobacter Pylori, principal causa do cancro de estômago (98% Portugal, 93% Moçambique), o país africano apresenta uma baixa probabilidade de incidência do cancro. No nosso país, a incidência do cancro do estômago é de 28 por cem mil habitantes, enquanto que em Moçambique é de 0,9 por cem mil habitantes. Como causa da diferença dos valores dois países estão as “diferenças genéticas” dos habitantes e, ainda, “os estilos de vida” dos mesmos.

Moçambique é o país dos PALOP com quem o centro mantém uma relação mais estreita. “Nós formamos todos os anatomopatologistas de Moçambique, que ao todo são oito”, afirma Sobrinho Simões, presidente do IPATIMUP. “Fortalecer a rede com Moçambique e alargá-la a outros países”, refere Sobrinho Simões, é o grande objectivo a que o IPATIMUP se propõe. Actualmente, desenvolvem-se trabalhos em Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Princípe, Guiné Equatorial e Guiné Bissau.

Para o presidente do IPATIMUP, os trabalhos desenvolvidos em África trazem “benefícios” para Portugal. “Se nós descobrimos que em Moçambique há menos cancro, embora com as mesmas infecções que nós, se nós descobrirmos porque é que eles estão protegidos, talvez nos possamos proteger a nós”, sublinha Sobrinho Simões.

A sessão de comemoração do 21.º aniversário do centro de investigação da Universidade do Porto, contou, também, com a presença dos embaixadores dos PALOP e de Marques dos Santos, reitor da Universidade do Porto (UP). Marques dos Santos publicita o trabalho com África e afirma que a Reitoria apoia a “internacionalização e a cooperação entre os vários países PALOP”. Contudo, considera que devia “haver mais instrumentos de apoio”.