O Partido Comunista Português (PCP) considera que o Estado deve adquirir o arquivo histórico e os bens do jornal centenário “O Primeiro de Janeiro”, tendo já apresentado um requerimento em Assembleia da República para a compra.

O Tribunal de Comércio de V.N.Gaia anunciou, no início do mês, a venda dos bens do jornal, cujo valor base de licitação assenta em mais de 200 mil euros.

Contexto:

Após a suspensão da publicação de “O Primeiro de Janeiro” e despedimento massivo da redacção, em 2008, o Tribunal de Comércio de Gaia, declarou insolvência da SEDICO, a empresa que detinha o jornal. A dívida da SEDICO ao Estado ronda os 5,7 milhões de euros. Aos fornecedores, a empresa deve 8 milhões de euros. Tendo em conta estes elevados valores, os bens da empresa vão ser liquidados.

O deputado do Partido Comunista Português, Jorge Machado, adiantou ao JPN que o objectivo passa primeiro por “alertar o Ministério da Cultura do património do jornal, cujo relevo e interesse histórico para o país e, particularmente, para a cidade do Porto, são indiscutíveis”, merecendo, por isso, a “aquisição por parte das entidades públicas”.

O deputado salienta a importância e urgência de se encontrarem soluções, evitando a compra por “mãos privadas” como já aconteceu, anteriormente, com “O Comércio do Porto”, cedido pela Prensa Ibérica à Câmara de Gaia. Jorge Machado aponta para a importância do arquivo fotográfico, quer para investigadores, quer para o público geral, “não podendo, por isso, ficar restrito ao eventual uso privado”.

Ao arquivo histórico e fotográfico (este último avaliado em 55 mil euros) do jornal, junta-se uma lista de bens que inclui variado material de escritório.

O prazo termina no espaço de uma semana, na terça-feira, 27 de Abril. Jorge Machado, que juntamente com Honório Novo entregou o requerimento na Assembleia da República, acredita que o pedido “vai perfeitamente a tempo para que o Ministério da Cultura intervenha com bom senso” neste processo, atendendo ao “cariz de urgência” do pedido.