Os projectos da Academia Contemporânea de Espectáculo (ACE) para o Solar do Conde do Bolhão podem ser abandonados por falta de verbas. O gabinete do Ministério da Cultura “não tem conhecimento de qualquer promessa de financiamento feita à ACE durante a legislatura anterior”, garantiu, ao JPN, fonte do gabinete do secretário de Estado da Cultura, acrescentando que o apoio “não está previsto no Orçamento do Ministério da Cultura para 2010”.

Isto depois em Maio do ano passado, José António Pinto Ribeiro, anterior ministro da Cultura, ter prometido 300 mil euros à ACE, num “acordo verbal” durante a visita que fez ao Solar, conta, ao JPN, António Capelo, da direcção da ACE/Teatro do Bolhão.

Capelo acredita que se trate de “uma falha de comunicação dentro dos serviços do Ministério”. Problema que a ACE espera ver resolvido, tendo já entrado em contacto com a tutela para “reatar negociações em função do que estava acordado com o anterior ministro”.

Sem financiamento, Solar é entregue à Câmara

A ACE espera também contar com o financiamento da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) para terminar a recuperação do edifício oitocentista. Uma primeira fase de obras está concluída, mas falta ainda recuperar o exterior do edifício, restaurar o interior e recuperar um anexo traseiro que será transformado num auditório. Para terminar o projecto é necessário mais um milhão de euros.

Desta verba, 70% seria disponibilizada pela CCDR-N a partir de fundos do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) e o restante seria patrocinado pelo Ministério da Cultura. A resposta da CCDR-N chega até ao final de Abril, mas sem a verba que o Ministério da Cultura disponibilizaria, não é possível terminar a empreitada. Caso a apoio realmente não se verifique, a ACE afirma que “o palácio será entregue ao seu real dono que é a Câmara Municipal do Porto”.

O projecto começou há já doze anos, quando a ACE apresentou à autarquia um projecto de reconversão e de ocupação do espaço. Desde 2001 que o Solar foi adquirido pela autarquia e cedido à Academia. Até hoje, foram já gastos cerca de um milhão de euros na obra, financiada pelo Ministério da Educação, pela CMP e pela própria ACE.