Medina Carreira não acredita que o Governo consiga alterar o futuro de Portugal. Presente numa conferência realizada, esta terça-feira, no auditório da Biblioteca Almeida Garrrett, no Porto, o especialista fiscal não poupou nas críticas: “Duvido que o Governo mude a situação do país. O problema é de todos e se todos contribuírem individualmente da mesma forma e com a mesma competência, poderemos ter um futuro mais risonho.”

A necessidade de atrair investimentos em Portugal foi um dos pontos mais focados na intervenção de Medina Carreira. “Deixámos de ter moeda, deixámos de ter alfândega, deixámos de ter orçamento, deixámos de ter câmbios, deixámos de ter juros e também deixámos de poder influenciar o investimento em Portugal.” Estes factos, diz, justificam a actual condição do país.

Também Rui Rio esteve presente na conferência, onde falou aos dirigentes da autarquia.

Governo está a criar uma “geração futura de analfabetismo”

Medina afirmou que o primeiro grande problema do país são as Finanças. “As finanças públicas absorvem uma grande parte da riqueza nacional e, ainda por cima, uma parte do que o Estado gasta vem do exterior, sendo que o Estado é um dos devedores do exterior. Assim nós estamos dependentes daquilo que o exterior quer emprestar para nós gastarmos.”

O segundo grande problema do país, referido por Medina Carreira, é a Economia. O fiscalista salienta que a economia está a crescer muito lentamente em comparação com as décadas anteriores.

“Se a economia cresce lentamente, mas a despesa do Estado cresce rapidamente, o que acontece é que aquilo que resta da economia do Estado é cada vez menos. A nossa economia não pode acelerar porque nós não temos condições para criar riqueza. Como não exportamos, não temos economia e, se não tivermos economia, não temos solução para o problema financeiro”, observou.

“As sociedades europeias de hoje querem viver bem e para viver bem é preciso criar riqueza na Europa. Mas, como nós não criamos riqueza, a Europa vai estagnar”, advogou, referindo-se ao lugar de Portugal na União Europeia.

Carreira criticou ainda o estado da Justiça, alegando que a nova lei de execução de penas, que permite a um indivíduo sair da prisão ao fim de seis anos, depois de ter sido condenado a 25, é “uma vergonha”.

Consolidando a necessidade de mudar no país, o especialista fiscal apontou a Educação como o grande problema do futuro. Acusou o actual Governo de ser o principal culpado “de uma geração futura de analfabetismo porque nos dias de hoje os jovens estão a tirar um curso superior sem ter um curso inferior”.