Quando, há cerca de um mês, o Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações convocou os autarcas dos municípios da Maia, Matosinhos, Lousada e Valongo, os homónimos das câmaras de Felgueiras, Penafiel e Paredes não foram chamados para discutir as SCUT portajadas que servem o Vale de Sousa (A41 e A42).
Os sete autarcas reuniram-se segunda-feira na Câmara Municipal da Maia para discutir o estudo encomendado pelo Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações que, segundo os mesmos, contém “imprecisões”, ignorando critérios basilares para a implementação de portagens. O presidente social-democrata da Câmara Municipal de Paredes, Celso Ferreira, adjectiva o estudo de “insultuoso e estranho”, atendendo ao facto de ter sido feito sob “pressupostos errados”.
Os autarcas querem apelar ao diálogo com o Governo, tendo por objectivo reunir com o executivo de José Sócrates em conjunto. “Queremos ser atendidos em bloco.Queremos diálogo e não guerra”, reivindica Celso Ferreira. O presidente da Câmara Municipal de Paredes salienta a indignação e incompreensão por não ter sido convocado da primeira vez e reforça a vontade de serem atendidos conjunta e não individualmente, na próxima quinta-feira, dia 29.
A mobilidade é uma “questão intermunicipal”, pois “não há fronteiras nas auto-estradas”, afirma o presidente, lembrando que alguns municípios são ignorados.
Os presidentes dos municípios presentes na reunião recusam acreditar na má fé dos governantes, pelo que continuam, até quinta-feira, dia do encontro em Lisboa, “à espera de bom-senso e soluções”.
Admitem, ainda, todos os cenários, não excluindo o recurso a instâncias judiciais e equacionam, também, a possibilidade da encomenda de um outro estudo, visto sentirem-se “altamente penalizados” com estes resultados. Celso Ferreira refere, ainda, que o esforço para pagar a crise tem de ser de todos, apontando a falta de coerência do Governo.
PCP revela documento que “comprova que não há alternativas às SCUT”
O Partido Comunista Português (PCP) fez conhecer segunda-feira de manhã um estudo das Estradas de Portugal [PDF] datado de 2006 que, segundo o deputado Jorge Machado, comprova que não há alternativas viáveis às auto-estradas em regime sem custo para o utilizador.
O deputado comunista disse ao JPN que as estradas nacionais não reúnem condições, quer relativas ao tempo de viagem (em alguns casos três vezes superior ao actual), quer de tráfego e/ou segurança. Lembra ainda que as SCUT foram criadas, precisamente, como “alternativa às estradas nacionais”.
Jorge Machado evidencia as consequências económico-sociais que a implementação desta medida do Governo pode causar, numa das zonas onde a taxa de desemprego impera, o Norte. Região essa que, recorda o deputado, se encontra entre as mais pobres da União Europeia.
O deputado acredita que o Governo vai recuar, uma vez não se reunirem condições políticas para avançarem, referindo ainda que “nesta luta, cabem todos, sejam autarcas, empresas ou utentes”.