Primeiro foi a Fitch Ratings, agora a Standard & Poor’s (S&P). Já é a segunda vez este ano que Portugal perde credibilidade financeira e, desta vez, desceu mesmo dois níveis na escala de avaliação.

À procura de resoluções:

É neste clima de tensão que Pedro Passos Coelho, presidente do PSD, se dirige, esta manhã, ao Palácio de São Bento para um encontro de urgência com o primeiro-ministro, José Sócrates. Ontem, o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, explicava ao Diário Económico que o Governo já tinha iniciado a “execução de medidas”, apoiadas pelo Conselho Europeu e pela Comissão Europeia. O ministro sublinhou que agora é necessário “prosseguir sem hesitações”.

A Standard & Poor’s cortou, ontem, terça-feira, no rating da dívida pública portuguesa. O país, que se encontrava avaliado em “A+”, saltou directamente para a classificação “A-“, a pior desde 1992. Este corte significa que o risco de Portugal não conseguir pagar aos seus credores é agora ainda maior.

A par disto, a S&P baixou também a notação de cinco bancos nacionais e assegura, segundo a Agência Financeira, que, de todos, o BCP é o mais fraco. A Caixa Geral de Depósitos, o Santander Totta, o BES e o BPI foram as outras instituições bancárias a serem afectadas.

Queda de Portugal prejudica mercados financeiros

Este corte da notação portuguesa veio martirizar ainda mais a bolsa nacional. O PSI 20 fechou ontem a perder 5,09% e o BCP encerrou com baixas de 12,82%. O mesmo acontecia com os títulos do BPI, a afundarem 10%, e do BES, a descerem 10,13%. O pânico gerado pela cotação da S&P afectou praticamente todos os sectores da praça portuguesa: a Mota-Engil e Inapa, por exemplo, também foram penalizadas em mais de 10%, enquanto que a Zon fechou a perder 9,96%.

A S&P aponta que Portugal deve entrar em estagnação este ano, acrescentando que “o potencial de crescimento económico deverá continuar fraco, devido à reduzida competitividade, baixa produtividade, estagnação do investimento e queda do crédito a nível doméstico, tendo em conta o elevado nível de endividamento do sector privado”.

O contágio da crise grega aos mercados europeus

Os títulos da dívida portuguesa já vinham, há algum tempo, a ser castigados, o que impulsiona a subida dos juros das obrigações nacionais. Tudo isto acontece numa altura em que o custo da dívida portuguesa começa a disparar, contagiado, em parte, pela situação grega, em que os mercados europeus temem que a Grécia entre em rota de incumprimento.

Os países mais endividados da Zona Euro também sofreram perdas financeiras. A Grécia foi a mais penalizada, ao ver as suas as obrigações a dois anos a caíram para o valor mais baixo desde 1998. As dívidas portuguesa, espanhola, irlandesa e italiana também registaram quedas significativas, enquanto que a dívida alemã subiu, à medida que os investidores se voltavam para os activos financeiros de menor risco.