“NORTE 2020 – Competitividade & Convergência” é o nome do programa que pretende relançar o desenvolvimento da Região Norte do país. Pioneiro, adianta-se nas estratégias para ambicionar chegar mais longe. A garanti-lo está Carlos Laje, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), que admite que a crise “coloca a economia portuguesa e as economias europeias sob necessidade de regularizarem muitas delas os seus orçamentos, os seus défices e as suas vidas até 2013”. Por isso mesmo, garante Carlos Laje, “é o momento de dar o salto”.

A apresentação do documento surgiu depois do discurso do Presidente da República no dia 25 de Abril. No discurso, Cavaco Silva salientou a importância no Norte do país no relançamento da economia portuguesa, dando especial destaque às indústrias criativas e à exploração do mar. Palavras que “aumentaram a auto-estima” e que trouxeram “alguma justiça” à região, entende o presidente do CCDR-N. “Não sei se este pioneirismo é algo ingénuo, mas é um pioneirismo assumido e fundamentado”, evidencia o presidente ao admitir o avanço nas estratégias. “Antes mesmo que o país faça a sua adaptação estratégica ao “Europa 2015″, nós já estamos a fazê-lo”, afirma.

O documento apresentado quinta-feira explica os avanços e as principais concretizações dos programas de desenvolvimento na Região Norte e dos ‘clusters’ económicos das Indústrias Criativas e do Mar e está assente em várias especificidades. Para Carlos Laje, é um documento “incompleto”, já que “aceitamos contribuições da sociedade civil em geral, da universidades, das empresas, das pessoas com ideias, interessadas em investir e em participar”, pelo que apela à discussão das medidas.

Para além disso, é um programa “selectivo”, já que “põe o acento tónico nas políticas estruturais” e centra a sua acção em temas concretos. Um programa diferente, que “não é um diagnóstico”, mas contém “os diagnósticos necessários”, promovendo acções concretas. “Não é um documento tipo discurso oceânico, que envolve tudo e que acaba por ser nada”, desafia Carlos Laje.

Crescimento sustentável, inteligente e inclusivo

O novo programa de relançamento da Região Norte segue as directivas da comunicação da União Europeia intitulada “Europa 2020”. Assim, o projecto concilia-se às três grandes áreas do programa europeu: crescimento inteligente, que se pauta pelo desenvolvimento de “uma economia baseada no conhecimento e na inovação”, crescimento sustentável, “para uma economia mais eficiente em termos de utilização de recursos, mais ecológica e mais competitiva” e de crescimento inclusivo, que se reflecte numa “economia com níveis elevados de emprego”, explica o presidente.

Por isso, torna-se num programa “muito ambicioso”, assente na organização de estratégias e medidas que vão incidir em sete factores-chave: conhecimento, inovação e tecnologia, actividades económicas e cadeia de valor, a internacionalização, a qualificação do capital humano onde se integra a empregabilidade, o desenvolvimento do território e cidades, as conectividades, e o ambiente, energia e sustentabilidade.

“Estamos num conjuntura extremamente complicada, em que há o ataque dos mercados inspirado por agências de rating“, admite Carlos Laje. No entanto, este ambiente não desmotivou a comissão e serviu mesmo de mote para a preparação do documento. “Temos de preparar o futuro da economia nacional e o futuro da economia regional”, remata, acrescentando que é em momentos de maior crise que “vale a pena desenhar políticas mais ambiciosas.”