Foi sobre “política e media” que Nuno Melo, actualmente deputado no Parlamento Europeu, falou na conferência de sexta-feira, nas instalações de Ciências da Comunicação. Para o eurodeputado, “há um relacionamento implícito e perverso” entre jornalistas e políticos.

Nuno Melo esteve na Assembleia da República durante nove anos. No entanto, destaca o seu primeiro ano enquanto deputado pois, como conta, teve que “criar anti-corpos contra uma parte do parlamento – a imprensa – que também reagia” às declarações do deputado.

Para Nuno Melo, as agendas jornalísticas são influenciadas pelos políticos. “Há políticos que fazem de factos saídos na imprensa o tema do dia e há políticos que se antecipam e fazem o tema que vai sair na imprensa”, destaca o eurodeputado. Na era em que vivemos, os media tradicionais deram lugar às redes sociais que são “cada vez mais o filtro para os políticos transmitirem a sua mensagem”, sublinha Nuno Melo.

Durante a conferência, Nuno Melo falou sobre as eleições europeias e os meios e recursos que o seu partido, CDS-PP, tinha na altura. Para o político é o “partido que tem mais dinheiro” aquele que “consegue passar melhor a sua mensagem”. Contudo, e, apesar do baixo orçamento do CDS-PP, Nuno Melo considera que a mensagem passou “pela positiva”, pois “as pessoas perceberam” aquilo que o partido queria transmitir. Pela negativa, o deputado eleito nas eleições europeias destaca a “imagem diferente da campanha” que a imprensa deu, apontando críticas neste sentido.

Recorde-se que as sondagens davam ao CDS-PP 2,5% dos votos, sendo que, no entanto, o partido de Nuno Melo conseguiria 8,5%, elegendo “naturalmente” dois deputados. “Como em tudo em Portugal, há pessoas que dão informações erradas e fazem estatísticas de 2% e continuam à frente de cargos de responsabilidade”, critica Nuno Melo.Apesar disso, o eurodeputado confessou que, quanto mais conhece outros países, mais pensa que “Portugal é o melhor país do Mundo”.