Portugal conta com 240 praias com “Bandeira Azul”, um título que distingue praias com determinados requisitos reunidos (ambientais, segurança, infra-estruturas de apoio, entre outros). Este ano, segundo o Jornal de Notícias (JN), Portugal bate o recorde, conseguindo mais 14 praias com a distinção.

Em declarações ao JN, o presidente da Associação de Bandeira Azul da Europa (ABAE), José Archer, diz que o país se encontra “acima dos 50%”, o que é “uma percentagem muito boa”. O presidente afirma, ainda, que Portugal é dos países do sul da Europa com uma maior percentagem com este título, conseguindo manter um “número recorde” de praias, apesar do que aconteceu na Madeira.

Silvade, Fraga da Pegada, Angeiras Norte, Pedras Brancas, Azul, Leça da Palmeira e Gondarém são as zonas balneares nortenhas que, pela primeira vez, conseguem o título de “Bandeira Azul”. Outras sete praias da Região Norte voltaram a adquirir a distinção, incluindo Valadares Sul, Fão Ofir, Vila Praia de Âncora, Homem do Leme e Foz.

Um dos motivos que poderá justificar tal aumento de praias “azuis”, entende José Archer, prende-se com a consciencialização ecológica dos portugueses. O presidente da ABAE considera que os portugueses estão preocupados em “conservar a orla costeira”, desde concessionários à atitude individual de cada um. José Archer salienta que, “ao fim de vinte anos” de Bandeira Azul (título que surgiu em 1987, à escala europeia), o “comportamento mais adequado está intrinsecamente em cada pessoa”.

Regressão da orla costeira preocupa Quercus

Ricardo Marques, presidente do Núcleo Regional do Porto da Quercus considera a notícia importante e positiva, mas confessa ao JPN a preocupação da Quercus com a qualidade das zonas balneares portuguesas. “Há situações muito complicadas como a praia da Árvore (Vila do Conde), interdita por má qualidade da água”, aponta. O presidente refere, ainda, as suiniculturas e o saneamento de esgotos como principais problemas da zona.

O ambientalista considera um desafio manter uma praia Azul num grande centro urbano, enaltecendo o esforço da autarquia e da população, mas adverte para a falta de conhecimento das pessoas relativamente à erosão da orla costeira.

É conhecida a oposição da Quercus face à construção das barragens nacionais previstas, uma vez que estas interrompem o percurso natural dos rios e montanhas. “Há que perceber que está tudo interligado e as praias também sofrem com isso”, observa o ambientalista. “As pessoas preocupam-se com os acessos, com o estado da água e da areia mas, por vezes, não têm noção do impacto que as construções provocam como a regressão de areias e dunas”, desabafa.

No final do mês, é conhecida a avaliação das praias portuguesas pela Quercus. A análise da ONG recai concretamente sobre a “qualidade da água” nos últimos cinco anos no ecossistema marinho.

Artigo actualizado às 12h59 de 7 de Maio de 2010